terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Conversa ao pé do fogo IX Aprender a fazer fazendo Sistema de Patrulhas.



Quem quiser vencer na vida tem que fazer como os sábios, mesmo com a alma partida ter um sorriso nos lábios!

Conversa ao pé do fogo IX
Aprender a fazer fazendo Sistema de Patrulhas.

           O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja seu crescimento individual, sua evolução técnica, e lembrava que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, você sabe como é. Sucesso na certa.  É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Não pegou nada.

      Por experiência própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Temos que acreditar. É nossa obrigação. Já vi excelentes tropas, que se formam maravilhosamente, perfilam feito soldadinhos, cantam como passarinhos, jogam de maneira espetacular as atividades próprias, enfim quem não conhece o método escoteiro diria que é uma tropa modelo. Por outro lado já vi tropas usando o método correto, aprendendo a fazer fazendo que se saíram muito bem em tudo àquilo que é exigido deles. Agora com mais sabor, eles fizeram.

      Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.

      É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. Caramba comprou tudo? Experimente. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.

Sistemas de Patrulhas.
                       Falar aqui sobre o Sistema de Patrulhas é como falar para o presidente de um banco e ensiná-lo como ganhar dinheiro. Nem pensar. Impossível imaginar que alguém no escotismo não saiba o que significa.  Mas vejamos, será que todo tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa? Por anos e anos com os mesmos patrulheiros? Seja masculina ou feminina? Ou mesmo em matilhas na Alcatéia? Como manter a unidade?
                       Quando fiz meus primeiros cursos no inicio da década de 60, senti na pele o que era conhecer e manter a unidade na patrulha. Vi a diferença do que vivi em uma Patrulha quando jovem e com desconhecidos pela primeira vez. Em um dos cursos ficamos oito dias juntos acampados. Interessante, no primeiro dia todos com um cavalheirismo e com uma cortesia sem par. – Ei! Deixa para mim, eu faço. Quem? Claro pode contar comigo, serei o lavador de panelas. Claro irei correndo buscar na intendência! Lenha? Sou perito. Lavar roupa de todos? Sem problema, minha mãe me ensinou. Todos rindo. Todos os irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.
                      Três dias depois começávamos a nos conhecer. Cada um com seu dom de analista, dom que todos possuem, analisavam agora tudo diferente. O numero um, um preguiçoso. O numero dois um mandão. O numero três um dorminhoco. O numero quatro um bobão. O numero cinco o puxa-saco da chefia. O numero seis metido a sabe tudo. O numero sete sempre dizendo que doía aqui e ali. Só eu era perfeito! E assim o curso prosseguia. Aquela amizade inicial ia se desmoronando. Mas no sexto dia, tudo mudava, sentíamos diferente. Mais humanos mais escoteiros. Já admirávamos a todos pela sua maneira de ser. Uma união se formava. Aprendemos a respeitar a individualidade do outro.
                      E no último dia, este era especial. Um amor enorme na Patrulha. Um orgulho de ser um Touro, ou um Morcego, ou um Lobo, enfim, uma união que achamos que ia durar para sempre. Foi assim que vi de forma diferente, o meu tempo de patrulheiro. Diferente porque fazíamos escotismo todos os dias, estávamos sempre juntos, decidíamos na casa de um e outro. Claro que a sede era o ponto de encontro.
                     Atuando em Grupos Escoteiros, vi que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não se conheciam. Claro, aquelas características em que vi no curso deviam existir entre eles e acredito que de forma diferente também faziam suas análises. E infelizmente por falta de atenção da chefia abandonavam a tropa. Encontrei algumas patrulhas que davam pena. Serviam apenas para jogos, para alegria do chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma apresentação dos meninos.
                      Patrulha? Não. Nenhuma delas tinham entre si jovens que permaneceram por muitos anos. Contava-se a dedo aqueles que participaram de vários acampamentos na mesma patrulha. E tropas novas? Sempre desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os touros tem três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que viviam em uma patrulha? Para serem jogados aqui e ali? Melhor sair da tropa. O programa na minha rua é melhor. Lá meus amigos me respeitam.
                      - Olhem, dizia o chefe. Sábado como sabem iremos para um acampamento. Como a Lobo e Pantera estão com poucos elementos (elementos? Pensei que eram escoteiros) vamos dar uma mexida e tirar uns daqui, outros dali e assim teremos três patrulhas completas! – Formidável! Perfeito! Encontrou o ovo de Colombo! Um novo BP! Um sistema de patrulhas que devíamos orgulhar!
                          Porque não analisar a saída de alguns, o motivo, ouvir o próprio jovem ou a jovem, e ver onde está o erro? Dele? Dela? Seu? Do monitor? Reuniões ruins? Você já foi a casa deles e procurou saber os motivos reais?  – Meu jovem, o que houve? Qual o motivo? Depois, sim depois mudar se necessário. Claro, você está ali para eles não para sua satisfação pessoal. Eu digo sempre. Tropa com patrulhas de três ou quatro significa que não estão gostando. Pode ser também culpa dos Monitores apesar de que seu treinamento e formação cabe ao chefe. Sempre achei que é melhor prevenir que remediar. Enfim, uma série de fatores que só mesmo os dirigentes da tropa podem saber e analisar.
                       Se isso acontece com você é hora de mudar. Mudar rápido. Como? Ponha seus conhecimentos a funcionar. Você não fez cursos? Não tem uma biblioteca escoteira em sua casa? E afinal não conhece um bom assessor que possa lhe ajudar?  Mas desculpem, estou falando para poucos. A grande maioria dos que me lêem sabem como fazer e fazem certo. Acreditem, não tenho a última palavra, sempre digo e afirmo e repito o que BP disse – Os resultados é que são importantes e se o que está fazendo faz com que sua sessão ande sempre completa, que os jovens estão ficando por mais de dois anos então parabéns. Você está no caminho certo.

Para vencer na vida não é importante chegar em primeiro. Simplesmente é preciso chegar, levantando a cada vez que cair pelo caminho.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Conversa ao pé do fogo VIII.


 Desse modo, quando Jesus disse que certas castas de demônios não saem se não por meio da oração e do jejum, os discipulos simplismente pensarem em sí mesmo, em como seus corações tinhaam aprendido o rito de dizer – “Sai em nome de Jesus”.

Conversa ao pé do fogo VIII.
“Castas” – existem mesmo no escotismo? & Pais escoteiros para que servem?
(dois artigos simultâneos)

“Na sociedade liberal, vivemos em uma cultura onde muitos acreditam que qualquer um pode ascender em termos sociais e econômicos por meio de riquezas acumulas. Contudo na Índia, trabalho e riqueza são parâmetros insuficientes para que possamos compreender a ordenação que configura a posição ocupada por cada indivíduo. Nesse país, o chamado regime de castas se utiliza ade critérios d natureza religiosa e hereditária para formar seus grupos sociais.”

                “Castas”, em sociologia, são sistemas tradicionaishereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da lei ou da prática comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação profissional, etc.

               Sei que muitos estão achando graça, mas olhe preste atenção e vais ver que tem um bem perto de você que se acha previlegiado. Sem perceber ele já pertence a “casta” ou assim pensa. Pode ser pelo cargo, pelo seu tempo de movimento ou mesmo pelo seu gráu de conhecimento escoteiro. Portanto pertencem a uma “casta” importante. Os famosos “chefões”, “grandes chefes” “Velhos Lobos” e muitos outros títulos que existem por aí. Os novos ficam admirados, desejando ser igual e lutam por isso. (nem todos) Já os outros acham isso patético não dando a menor atenção a estes que se acha acima da fraternidade que tão bem nos caracteriza.

              Voce não acredita? Ou voce é humilde o bastante para não ver ou é inteligente o bastante para deixar passar ao largo e não rir. Outro dia comentei com alguns amigos que um dia se continuar assim, teremos um deles dizendo – Sabem com quem está falando? Risos. Bem, sob o ponto de vista linguistico é uma frase feita. Talvez o agravante do singnificado encontra-se justamente nas circunstancias em que ela é proferida. O tom de voz, o status de querer ser. Risos. Estão rindo eim? Mas olhe ainda existe em nosso movimento esta casta.

             A casta dos dirigentes, a casta dos Insignia de Madeira, de Comissários, de Diretores e para completar a casta da equipe dos formadores. Quantos lutam para mais um “taquinho”. Conheci um que fez tudo para conquistar um deles. Quando recebeu ficou doente por cinco meses. Risos. Alô! Sem generalizar. Só alguns que ainda não se tocaram que o escotismo é uma grande fraternidade e que vivem a “jactar-se” de tudo o que somos, mas não fazem o que sempre fomos. Amigos e irmãos dos demais escoteiros. Fiquem tranquilos. Eles são menos de 0,5% do nosso efetivo adulto. Portanto uma insignificância. Mas como são chatos!

              Veja bem o que comentou Fernando Pessoa, um célebre poeta – Às vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar vale a pena ter nascido. Risos. Isso não diz nada, é apenas um poema. Melhor continuar o raciocinio dele.  – Precisar dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente. Acho que compliquei mesmo. Melhor é voltar à casta. Só não vê quem não quer. A uma sede de poder surda sendo praticada em diversos orgãos escoteiros. Do mais simples ao mais importante. Não sei bem quem seria o mais importante. Os lá de cima ou os aqui de baixo. Risos. Continuo complicando.

              Mas seria tão bom que não houvesse a casta. Seria dificil é claro. Um dia disse para mim mesmo: Amigo, se houvesse ganhos financeiros no escotismo seria uma luta desigual. Se sem salário a sede do poder é grande e com o salário? Graças ao bom Deus estes são em número irrisorio. Mas como irritam. Não se tocaram ainda. Andam dando pulinhos, olham para você como voce fosse um “coitado”. Se por acaso encontram outro acima dele, correm para bajular. Risos. Não estão acreditando? Tentem participar onde a casta se reunem. Todos sabem onde. Risos.

              Pois é. A casta existe. Pelo menos para mim. Eu vivi tudo isso no passado e vejo até hoje no presente. Interessante é que pouco se manifestam. Falam pouco. Claro, são superiores, eles pertencem à casta dos nobres. Dos aquinhoados com o poder. Eu peço a Deus por eles. Acredito que isso é antigo. Quem sabe BP conheceu alguns antes de fazer sua viagem. Quando no passado estive em vários seminários nacionais e sul americanos e até em um jamboree, fiquei boquiaberto. A casta fazia parte de muitos paises. Não era só daqui não. E o pior de alguns jovens tambem!

              Cheguei a ver e tive que conter o riso de um jovem americano com uma turba atrás querendo trocar distintivos e ele não dando à mínima. E os adultos chefes então? Minha nossa! Tinha cada um que precisava fazer o sinal da cruz e passar de lado. Graças a Deus que tinham milhares que eram de uma humildade enorme. Por eles valeu a pena as centenas de dólares que gastei. 

                    Mas chega por hoje. Um dia tenho certeza todos irão se abraçar e dizer: - Meu amigo, a empatia é muito útil para nos escoteiros. Não seria bom se voce fosse leal, cortês, amigo e humilde? Não seria bom se falase bom dia, e dizer eu gosto de você? Não iria demonstrar que és educado e tem respeito pelos demais? O fato por voce saber mais, ter um lenço mais bonito não significa que não possa ser cordial e ajudar de maneira gentil aos seus irmãos escoteiros. Mas faça isso de uma maneira simples para que todos possam ver em voce um exemplo bom a ser seguido.
E abaixo a “casta” escoteira. Risos e risos.

Pais escoteiros para que servem?

             Antes de me dar uma má resposta leia o artigo. Não se discute a importância dos pais. Acontece que nem todos conseguiram arregimentar para suas fileiras um bom número deles. Vejo grupos escoteiros tendo grandes dificuldades em crescerem em ter uma diretoria boa, em conseguir equipes para colaborar nos acampamentos, nos acantonamentos e até em algumas atividades que alguns grupos organizam visando arrecadação de fundos. Os pais queiram ou não são uma fonte inesgotável para o crescimento e formação do grupo Escoteiro. Conheço grupos que eles querem se aproximar, mas tem receio de melindrar o Chefe que de uma maneira ou outra sem perceber se coloca na posição de insubstituível e de dono das “ações” do grupo. Ou seja, ele acha que não precisa. Costuma dizer que tem tudo sobre controle. Ele não tem culpa. Enquanto tiver forças vai fazendo o que aprendeu e na sua concepção “seu grupo” anda com suas próprias pernas.

                Hoje em dia a maioria dos grupos escoteiros se recente em não possuir em suas fileiras escotistas advindos do próprio grupo. Difícil manter os jovens por muito tempo e quando crescem tem sempre uma admiração por onde viveram, mas agora tem outros afazeres, e quase todos dizem não ter tempo. Lembrei-me de um curso que um dirigente disse – Cuidado com os que têm tempo, eles poderão lhe trazer aborrecimentos, mas acredite nos sem tempo. Eles sim são os que irão trazer benefícios ao Grupo Escoteiro. O número de escotistas advindo dos pais sobrepõe aos que cresceram dentro do grupo. Claro, não estamos afirmando que o escotismo é uma escola de chefes, nada disto. Mas francamente muitos deles poderiam ajudar e não o fazem.

               Eu sempre digo por experiência própria que o primeiro dia é o mais importante para arregimentar os pais. Nunca abri mão da presença deles. E quando digo deles, sãos os dois. Pai e mãe. Claro temos situações que isto pode não acontecer e vamos levar em consideração. Nunca facilitei a entrada do jovem. Facilitei sim a entrada dos pais. Nunca aceitei um não como resposta. Tempo ninguém tem. Alguns de vocês chefes que estão atuando têm tem tempo sobrando? Isto eles devem saber. Vocês estão ali para colaborar com os filhos deles e isto deve ficar bem claro para eles. Sempre digo que é o escotismo que precisa de nós e não o contrário. Iremos encontrar diversas situações e desculpas dos pais para não colaborar. E infelizmente tem aqueles que sem querer substituem em tudo que os pais poderiam colaborar.

                Se o pai ou a mãe de forma alguma não pode ajudar, não pode tirar um dia por mês para auxiliar o grupo me diga, vale a pena ter um jovem em suas fileiras? O que ele vai pensar dos outros pais ajudando e o dele não? E você? Acha que pode dar a ele uma boa formação Escoteira se os pais não se interessam? Não sejamos extremistas. Existem sempre uma saída. Uma vez organizei uma comissão de pais, não mais que cinco só para visitar aqueles que não participavam. Trocamos ideias, alguns deles fizeram treinamento e participaram em cursos. Telefonavam, iam a suas casas, convidavam para atividades sociais e olhe dificilmente os pais deixavam de colaborar. Afinal recebiam a visita de alguém como eles. Sem uniforme. E isto amedronta queira ou não. O importante é mostrar a importância do método Escoteiro para os pais na formação do filho ou da filha. Se ele sabe o valor do escotismo e que isto vai trazer dividendos na formação do jovem, não acho que deixará de colaborar.

                Na maioria das vezes o interesse é do jovem. Quando o contrário acontece o mesmo jovem não dá muito valor. Os pais também em sua maioria aproxima do grupo levado pelo filho. Lembro-me de uma canção que dizia – “Minha mãe vou lhe pedir, e não quero aborrecer, para ser um homem forte um Escoteiro eu quero ser”. Ele aprendia e cantava atrás dos seus pais dia e noite. Vencia pelo cansaço. Agora era hora da comissão de pais agir. O Chefe não deve ser o sabe tudo, o linha de frente. Eles sempre serão dependentes. Se os pais estão motivados, se eles participam se existem atividades para eles tais como Acampamento de Pais, jogos, excursões sem o caráter de obrigação a motivação é certa. (Conheci um Grupo Escoteiro que eles quando se reuniam tinham patrulhas com grito e tudo, claro uma ou duas vezes ao ano). Ser pai em um grupo não é fácil se não tem motivação. Ao contrário é muito mais fácil o Escotista se motivar. O uniforme, uma promessa, liderar os jovens já é meio caminho andado.

               É Inconcebível chefes atuando como pais, chefes pagando para os filhos que não são seus, e os pais aceitando tudo confortavelmente. Nem tanto mar nem tanto terra. Não somos um “negócio” uma empresa, onde tudo é preto no branco. Nada disto. Mas devemos nos ater que nossa função é fazer escotismo com os jovens. Para controlar as finanças, para ter uma área administrativa funcionando, é tarefa de pais. É gostoso quando chega o dia da Assembleia e ver que ali estão quase todos. Mas é decepcionante quando se vê quem só tem uns “gatos pingados”. Sei o valor do Chefe-faz-tudo. Sei que eles estão por aí aos montes fazendo escotismo. Mas não é o caminho certo. Falo com experiência. Sei que eles os pais motivados também são uma fonte inesgotável para suprir a falta de chefes. Experimentem. Deixem-nos andar com suas próprias pernas, mas deixe que eles participem da vida do grupo sem ser um eterno observador. De longe!


sábado, 5 de janeiro de 2013

A Santa Inquisição Escoteira.


Fundamentalistas dão um toque de arrogante intolerância e rígida indiferença para com aqueles que não compartilham suas visões de mundo.
Umberto Eco

A Santa Inquisição Escoteira.

Significado de Inquisição
 Ato de inquirir, de pesquisar.  Esforço empreendido pela Igreja Católica no sentido de identificar e punir hereges, ou seja, pessoas que professavam crenças diferentes dos ensinamentos da Igreja. A Inquisição teve lugar em muitos países da Europa e em suas colônias, mas a que ficou mais conhecida foi à espanhola.
(Cada ideologia tem a inquisição que merece)
Millôr Fernandes.

                       Estou preocupado. Quem sabe estarrecido. Primeiro a UEB cria um Manual Prático de Atuação, com mais de sessenta páginas, dizendo como se deve proceder em casos de faltas disciplinares praticadas pelos sócios, membros pertencentes à organização. Claro, feito a três mãos. Agora através de informes, resoluções, processos civis entre outras está fazendo uma verdadeira caça às bruxas, daqueles que se recusam a aderir ao seu esquema de escotismo, praticado no Brasil. De acordo com suas ponderações, ela é dona de tudo que diz respeito ao Escotismo. Dona do nome, da promessa, da lei, registrou tudo no INPI, (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Com sua maneira autoritária, abre processo a torto e a direito. Quem não quer pertencer a ela que faça escotismo com outro nome e outras leis e promessa e ache um novo fundador.

                       Fico perplexo, pois me lembra da Inquisição. A Santa inquisição foi criada nos anos 1160 e se estendeu até o século passado. Uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos àqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja e aqueles que desejavam professar uma nova religião.
 E o que é pior, os sócios membros da UEB estão assistindo a tudo sem se manifestarem, deixando que uns poucos da liderança se transformem em um “Tomás de Torquemada” (o maior dos inquisidores de todos os tempos) a abrir processos a torto e a direito, chegando ao cúmulo de exigir pagamentos em dinheiro por cada membro da outra organização. Nunca pensei que chegaríamos a este ponto. Sei quem tem centenas para defenderem a posição da UEB. Sei que ela até pode ter razão em algumas situações, mas chegar a isto?

            Há dias fiquei pensando se não posso estar errado. Afinal a UEB conforme já comentei acima, tem todos os nomes e eventos registrados aqui no Brasil no INPI. Mas isto é certo? Será que Baden Powell assinaria em baixo estes processos? Eu nunca soube que ele tinha dado preferência a este ou aquele e pelo que saiba não legou a ninguém o direito de considerar proprietário de suas normas, nomenclaturas, métodos e assim por diante. Não discuto o direito da UEB quanto as suas publicações, distintivos e outros que através de sua Loja Escoteira produziu. Mas estão indo longe demais. Um amigo tentou me mostrar que se a UEB for vitoriosa, todos nós teremos a ganhar. Os próprios jovens das outras organizações poderão usufruir de um escotismo melhor etc. Palavras dele. Só esqueceu-se de dizer que a UEB pode perder e está perdendo. Faz parte do jogo democrático. Esqueceu-se de dizer também se os jovens não estão satisfeitos onde estão e não querem mudar.  

                       Se eu não estou satisfeito com as diretrizes estatutárias e regimentais, se eu não tenho nenhuma condição de alterar ou sugerir (apesar de que insistem em dizer que sim) não posso me rebelar? Não posso fazer uma organização de um escotismo que sempre acreditei que deveria ser? Liberdade de expressão? Democrático isto? Mas eu fiz uma promessa, me chamo de escoteiro, tenho no meu coração a lei e agora vou mudar tudo? Chamar-me de explorador, aventureiro, ou seja, lá o que for? Não posso concordar com isto. Se assim o for então todos são hereges. Todos somos ortodoxos. Não pode ser a fé que um movimento oferece que conta. Conta à esperança que se propõe (Humberto Eco).

                      Enquanto países tentam se entender, ou unificando ou respeitando as individualidades, aqui é diferente. Processos correm de norte a sul. Já houve casos que a UEB perdeu em duas ou mais instâncias e continua recorrendo. Sei que tem milhares de explicações de ambas às partes, mas quando isto chegar à imprensa será um prato cheio. Já temos exemplos de outros países com a pedofilia, acidentes mal explicados e agora está luta para ser a proprietária de um nome histórico. E olhe alguns lá na direção tem uma arrogância tão grande que somente há poucos meses informaram aos seus associados das providencias que estavam tomando. Lembro-me das diretrizes dadas pelos presidentes autoritários da revolução de 64. Uma enorme falta de respeito. Coloco-me na pele de um Chefe Escoteiro que tenta mostrar aos jovens de sua tropa ou alcateia que somos fraternos, amigos e irmãos dos demais escoteiros em todo o mundo, mas o Grupo Escoteiro que existe no outro bairro não. Eles são nossos inimigos.  

                       Não sei até onde isto irá levar. As outras organizações não cruzaram os braços. Os processos estão correndo. Enquanto eles não se ajoelharem e pedirem perdão conforme preceitua os mandamentos da inquisição, poderão ser levados a fogueira. Se criarem novos nomes, novas leis, novas promessas e um novo Baden Powell, quem sabe poderão escapar. Eles nunca serão nossos irmãos. Eles nunca serão nossos amigos. Como dizem por aí? “Aos amigos, tudo; aos inimigos a lei”? Não vai demorar que esta guerra de vaidades por parte da UEB irá trazer péssimos resultados ao que precisamos. Ensinar que formamos homens e mulheres com honra, com ética, respeito, diálogo, amor ao próximo. Demonstrar que ensinamos a crer em Deus um dia vai ser difícil. Amar aos outros como eu vos amei será apenas uma frase que os escoteiros irão desconhecer.

                      Tantas coisas com que deviam se preocupar, principalmente descer do pedestal, pois se julgam possuídos de direitos que os outros não tem. Ir lá à plebe e mostrar um pouco de amor e fraternidade, tirar esta arrogância de donos da verdade e de tudo que BP nos deixou seria bom. Lembro aos meus amigos que não sou da FET, da AEBP, não sou dos Florestais e tantos outros. Sei que lá tem alguns que precisam descer também do seu pedestal, mas como aqui tem muitos que são idealistas e merecem o nosso respeito. Tenho amigos lá. Gente que respeito e me respeitam. Mesmo não me registrando sou da UEB de coração. Não vou sair. Vou continuar minha luta. Luta que sei que aqui tem muitos contrários. Sei também que existem muitos que me querem ver pelas costas. Paciência. Não vai demorar! Aguardem.

                     Lembro que a inquisição atraia milhares de cristão nos julgamentos e outros milhares se divertiam quando os condenados eram sacrificados na fogueira. A cidade em peso presente. Quem sabe foguetórios serão soltos quando se chegarem ao final do processo e der ganho de causa a um ou outro lado? Eu só pergunto quem paga a conta? Claro os associados da UEB e da outra Organização. É você com sua taxa anual que está pagando isto. Ainda bem que temos uma democracia em nosso país. Quem viver verá. Fiz este artigo porque não gosto de injustiças. A UEB está de novo indo em um caminho errado. Não ouve ninguém. Decide sem consultas. Faz e desfaz em nome de normas que ela mesma criou. Como sempre é chover no molhado. Pensar que o “olho por olho, dente por dente” é o melhor caminho não é o que penso da amizade, fraternidade e irmandade que devia haver no escotismo.

O primeiro dever do bom inquisidor é o de suspeitar antes dos que te parecem sinceros.
Umberto Eco