sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Desanimar não vale a pena.


Conversa ao pé do fogo.
Desanimar não vale a pena.

                 Risos. Muitos risos. Quem sabe só o sorriso nos lábios pode ajudar mesmo sabendo que o coração não concorda? Sei não. Tem hora que eu me considero um pária. Um exilado, um proscrito. Como? Explico melhor: - Fazia uma pesquisa para uma das minhas histórias e entrei no site da UEB. Sem perceber vi lá uma página onde a UEB indicava os livros e contos escritos por seus associados. Vários, histórias que devem ser maravilhosas e que não tive a honra de ler. Claro, eu sabia que meu nome e o os meus contos não estavam lá. Afinal foi uma escolha minha pessoal. Para estar eu tinha de ser registrado, com senha no SIGUE e ser mais um a aceitar todas as suas normas, ser fiscalizado, consertado, dirigido e dizer amém aos assessores, diretores, presidentes e tantos outros que me diriam: - Seus livros e seus contos Chefe precisam ser revistos para mostrar que não vão de encontro ao nosso pensamento. Eu sei que a censura da UEB é severa. Sei que muitos dirão o contrário, mas eles aceitam e aplaudem seus atos e fatos. Lutei muito ao lado da UEB, fiz tudo que um Chefe poderia fazer. Os cursos que colaborei, os grupos que participei as palestras que fiz não foram uma só. As viagens para motivar, palestrar aqui e nas terras brasileiras que amo. Um dia resolvi lutar pelo que acredito e me tornei uma oposição. Isto não pode no escotismo. Oposição é considerada traição. Chega uma hora que você percebe que nunca será bom o suficiente para algumas pessoas, mas a questão é: - Isto é problemas seu ou delas?

                  O mundo não acabou eu continuei nas voltas do mundo fazendo o que acreditava. Costumo falar o que penso. Isto atraiu sobre mim muitos que querem distância de minha pessoa. Para eles sou uma semente do mal que pode levar o escotismo a extinção. Eu gosto de uma boa discussão a dois ou três e se for em local agradável, quem sabe em uma conversa ao pé do fogo seria formidável para redimir duvidas. Mas isto dificilmente irá acontecer. Eles escolhem seu terreiro para forçar suas ideias. Eu nunca fui dono das idéias, das normas e nunca levei no bolso um manual dizendo como o escotismo pode ser grande e forte em nossa nação. Eu acredito piamente que isto só vai acontecer quando todos tiverem o direito de se manifestar, sugerir, pensar e poder votar em todas as instâncias sem serem poderosos. O escotismo não pertence a alguns privilegiados. Ele pertence a todos os associados. Uma vez há muitos anos tentei arregimentar amigos que pudessem pensar em ter um escotismo mais alegre, mais democrático, onde todos teriam vez sem serem importantes. Engano. Começamos com quase cem na primeira reunião e terminamos com quatro. Os poderosos sabiam como agir e agiram.

                      Eu nunca desisti dos meus sonhos. Neles não cabem decisões de poucos em uma associação tão grande como a nossa. Por favor, não me enganem dizendo que temos os fóruns próprios para isto. Eles existem de mentirinha. Só não vê quem não quer. Acredito que sem os adultos associados não somos nada, mas eles os lideres não pensam assim. Nossa organização peca pelos valores de milhares de voluntários que trabalham no escotismo dando tudo de si, se afastando de outros amigos e alguns inclusive de suas famílias e nada recebem em troca. Minto, recebem normas, exigências, e imposições que prefiro não comentar aqui. Os poderosos dizem que lutam por eles. Não acredito nisto. Nossa Organização é onde menos o Chefe tem prestígio. Ele é empurrado, levado, exigido, e não existe contra partida. Sei que muitos m contradisseram com isto.

                   Deixei de me registrar na Associação. Eu sempre disse a todos que podemos mudar que podemos ser diferentes. Que podemos ter uma participação maior que hoje, pois esta é nenhuma. Minhas batalhas foram moinhos de vento nas mãos do Velho Dom Quixote que pensava em destruí-los sem saber por que. Nunca desiste da batalha. Nunca desisti de dizer o que penso e o tão grande movimento que poderíamos ser. Não me associei a outra organização. Mantive-me fiel a UEB mesmo sem estar lá de forma legal com um número e uma senha para entrar no SIGUE. Meus ideais alguns podem dizer que não nobres, mas eu acredito neles. Eles os Ubeenses são o que são. Adoram a realeza, nunca irão abandonar a corte. Eles lutam por isto e acreditam que estão fazendo tudo para que a associação seja forte e reconhecida. Difícil falar neles sem pensar em arrogância, em vaidades, transparência sem pensar na liderança Escoteira no Brasil. Os demais seguem e eu não os culpo por isto. Nossa associação desde os primórdios fez leis, artigos normas para permanecerem no poder. Sei que poucos pensam diferentes. Pensam que tudo poderia fluir melhor de outra maneira, mas quem acredita que do outro lado da montanha pode ter um novo Arco Iris?

                  Não ia escrever sobre este tema. Já escrevi tantos que não deram resultados. Mas sabe sou humano, tenho os mesmos defeitos de todos. A gente gostaria de um reconhecimento por parte dos poderosos. Claro que isto nunca vai acontecer. Não sou um legado de normas escritas feita por eles. As rédeas da carruagem que eles comandam tão bem não me encontram lá na parelha. Nunca vão reconhecer meus contos, minhas histórias, meus livros e tantas coisas que escrevi. Sei que tenho uma gama de bons amigos que se dispuseram a ler e alguns até aplaudiram. Mas meus livros são um arremedo que querem ver longe do que existe nas asas da associação. Ali nunca serão impressos. Sei que uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Sei que vale a pena continuar e viver fazendo o que faço. Nem que seja para dizer depois que não valeu a pena. Sei que um dia quando não estiver mais aqui, poderei ser esquecido. Sei que o melhor da vida acontece no presente.

                   Tem dia que amanheço cansado. Pensativo, sem saber se ainda posso andar com minhas próprias pernas sem depender da UEB, aliás, nunca dependi. Ela é muito importante para que eu lute contra ela ou será que não? O mais engraçado é saber que não vale a pena e ainda assim pensar que a palavra “desistir” bate forte no meu pensamento. Quem sabe não vale a pena se destroçar por quem você sabe que nunca vão te dar valor. Nestas horas é só dar um chute no coração que ele acorda de novo para a vida. Estou Velho, não um Velho Escoteiro e sim um Escoteiro Velho. Minhas forças estão ao poucos diluindo. Ainda insisto em escrever, em publicar, em ver que ainda não abracei o mundo como escritor. Mas será que sou um deles? Nas páginas da história da UEB eu não estarei lá. Sei que isto não significa que sou medíocre, que escrevo errado e meu português é ruim. Sei que tem muitos que apreciam minhas escritas. Posso até pensar que elas ficarão guardadas na memória para que no futuro alguém mais possa ler e conhecer histórias Escoteiras de uma maneira diferente, agradável e um escotismo que muitos gostariam de fazer.


                            Dizem que o tempo apaga o tempo. A vida um dia se esvai. Minha luta continua! Nunca vou desistir! Que a UEB não vai mudar é um fato. Mas adoro Dom Quixote. Para mim não vai sobrar um moinho de vento que encontrar! Não foi ele quem dizia que o medo é que faz que não vejas, nem ouças porque dos efeitos do medo é turvar os sentidos? E fazer que pareçam as coisas outras do que são? É Acho que ele tem razão, quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha junto é o começo da realidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uniforme, vestimenta, para que?


Conversa ao pé do fogo.
Uniforme, vestimenta, para que?

                  Eu fiz um uniforme caqui. De tergal, mas me disseram que era de linho. Gastei pouco mais de R$66,00 no pano e R$50,00 para confeccioná-lo. O meu antigo estava bem velhinho e era de tergal também. Faço questão de usá-lo nas atividades Escoteiras. Dificilmente vocês me verão com a camisa solta, desleixada, botões desabotoados. Meu lenço faço questão de colocar como se fosse uma gravata. Sempre bem passado. Meu cinto escoteiro o limpo uma vez por mês. Meu sapato ou botina engraxo sempre, afinal fui um engraxate dos bons na minha juventude. Foi engraxando que comprei meu primeiro uniforme de lobo. Mamãe era costureira e o fez para mim. Ao passar para os Escoteiros trabalhei demais engraxando na Avenida Rui Barbosa, ou na Rua Peçanha. Seu Abil das casas Abil era amigo dos Escoteiros e deixava-me fazer ponto ali com minha caixa de engraxate. Eu sabia que meu pai não poderia comprar para mim nada que precisasse. Ele era seleiro, fazia arreios de cavalos e algumas botinas mexicanas. O que ganhava mal dava para comermos.

                   Mas voltando ao uniforme que eu aprendi a amar. Hoje vejo muitos reclamando que tudo está caro. Está mesmo e eu sei disto. Mas meus amigos e minhas amigas trabalhando depois da escola eu comprei meu uniforme, meu chapéu (ufa! Este demorou um ano!) meu cinto, meu meião e meu Vulcabrás. Um sapato que durava muitos anos. Comprei também meu cantil de um francês que morava na Rua Sete de Setembro. Me vendeu barato. Custei muito para comprar meu canivete Suíço. Não aqueles de múltiplas escolhas, era simples, mas bom demais. Está comigo até hoje. Comprei minha faca Mundial e minha machadinha. Tinha um apito que paguei barato ao Senhor Nonô Chefe da estação de trem. Fazia questão de estar bem uniformizado sempre. O meião sempre nos trinques sem dobras erradas e com as estrias perfeitas. Não importa onde. Andava por cidades e cidades próximas ou não, de bicicleta ou a pé, mas sempre com o uniforme bem postado. A patrulha fazia questão de estar bem apresentada. Excursões enormes não importava o sol. Não se tirava o uniforme para nada. Calor? Trinta quarenta era gostoso demais.  

                    Aos poucos fui crescendo, ficou mais fácil adquirir peças e trocar de uniforme. Quando em 1974 saiu o Uniforme Social (depois chamado de não sei o que – risos) Quando foi instituído todos receberam um pedacinho do pano da calça e camisa com desenho anexo pelo correio. Camisa azul clara, calça cinza chumbo. Saiu assim no POR: Para uso exclusivo em atividades sociais. Em atividade com a tropa permanece o caqui curto. Bem não sei se era bem assim. Mas com o tempo o tal social virou uma bagunça. Era calça tipo jeans calça de qualquer cor, camisa até que bem feita, mas a liberdade começou a dar lugar à anarquia na apresentação pessoal. Os chapéus e bonés de todos os tipos apareceram. Sempre diziam que o Chapelão é caro e não existe mais. Será? O uniforme degringolou. Diziam que precisava vestir assim, pois nem todos poderiam comprar. E eu não pude? Bem meu exemplo não serve. Hoje tudo é mais fácil. Lembro que no grupo existia uma quantia para “EMPRESTAR” aos Escoteiros e lobinhos em gastos especiais. Eles deveriam pagar de pouquinho em pouquinho o que usassem. Nunca usei um centavo!

                     Era orgulho ver como éramos no passado. Os que usavam o caqui eram mais bem uniformizados que os demais. O tempo foi passando a bagunça aumentando. Aí ouvi falar que a UEB iria fazer um novo tipo de uniforme para todo mundo ficar igual. Bem pensado eu pensei. Mas qual o que, enfiou goela abaixo dos seus associados sem pesquisa, sem saber se iriam gostar ou não a tal Vestimenta. Dizem que são mais de quinze tipos. Você pode escolher o que quiser. Grupos em vez de se uniformizarem por igual abriram mão de escolha. Em uma sessão tem jovens de calça curta, calça comprida, sendo menina pode escolher a saia, camisa para dentro da calça para fora e os bolsos! Deus do céu, que bolsos! Dá para levar uma jamanta nele! “Mais maió de grande tamanhusso e biteleza” como diz o mineiro. (sou um deles, risos). Logo a maioria votou para decidir o que usar. Quem comprou o cinza se danou. Um prazo foi dado para substituição. Por uma questão de dignidade deixaram o caqui continuar. Chefes antes da escolha ou votação no grupo já fizeram sua vestimenta. Falar o que? O preço? Sei lá. Dizem que é barato e outros que é caro.

                      Agora tudo está mudando. Tudo moderno. Um alto dirigente já aparece com chapéu de boiadeiro. Faça a idéia de quantos vão copiá-lo. Não dizem que o Chefe é exemplo? Mas cá prá nós. Para que gastar tanto? Para que? Agora é só colocar um lenço no pescoço, amarrar as pontinhas e pronto! Você está a Escoteira sem dúvida. Muitos países fazem o mesmo. A meninada e a moçada sorrindo! Ainda bem que a modernidade é barata. A maioria dos grupos dão o lenço quando da promessa. Assim não gasta nada não é mesmo? Eu juro pela lua que está no céu, eu juro pela sombra que me acompanha, eu juro por tudo que já vi neste mundo que nem sei mais o que dizer. Errado sou eu é claro. Ainda não aprendi que os tempos são outros. “belle époque”. O que antes era e hoje não é mais. Tenho que aceitar. Sou um Velho Escoteiro cheio de manias. Ainda bem que não estarei aqui para ver o que vai ser daqui a dez, vinte ou trinta anos. Mas o povo vai assimilar. Afinal Escoteiro e Escoteira sempre gritam alto “Sempre Alerta” apesar de que tem alguns que dizem SAPS! (Deus me livre!).

                        Finalizando agora é tudo mais barato. Ganhou seu lenço? Amarre em você passado em volta do pescoço e juntando as pontas. Você agora está “A Escoteira”. Bem apresentado. Aí eu fico pensando para que serve o uniforme ou a tal vestimenta? Comprou? É melhor guardar. Quem sabe um dia vai ter utilidade. Enquanto isto mostre seu orgulho só com o lenço, mas eu lhe peço um favor, faça pelo menos diariamente uma boa ação. Com uniforme, com vestimenta com lenço, pelado ou não. Pelo menos isto. Deixe a velhinha em paz se ela não quiser atravessar a rua. Tem muitas boas ações para fazer que não obrigá-la a atravessar.  Eu admiro ainda alguns países que fazem questão de estar bem apresentados, seja que uniforme for. Verde, amarelo azul caqui ou cinza. Quanto tempo eles serão assim eu não sei. Enquanto isto eu faço questão de estar uniformizado e bem uniformizado. Se me verem diferente não sou eu. É o espírito do Zé Be Deu!  


                           Meu uniforme é meu orgulho. Amo demais são mais de 66 anos com ele. Pena, meu azul do lobo também desaparece no tempo. Os bolsos gigantes o substituirão. Quantas mudanças, mas dizem os nossos lideres que foram para melhor. Agora teremos sim mais Escoteiros, vamos crescer como nunca, a filosofia Escoteira será outra. Seremos mais irmãos, a fraternidade uma realidade. E finalmente, veremos meninos e meninas de todas as idades, aprendendo com seus chefes, seus lideres que o Escoteiro é puro no seu pensamento na sua palavra e na sua ação! Que a lei Escoteira está presente no dia a dia de cada um. Quem viver verá!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Palavra de Escoteiro ou palavra de honra? “Os dez artigos da Lei Escoteira”

Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre. William Shakespeare


 Palavra de Escoteiro ou palavra de honra?
“Os dez artigos da Lei Escoteira”

          Estava acampado como sempre fazia bimensalmente com os monitores e subs da tropa. Nos acampamentos de fins de semana eu sempre ia para o Sitio do meu amigo Tornelo. – Chefe, fique a vontade, nem precisa pedir autorização. Boa aguada muitos bambus um local excelente. Eram quatro subs e quatro monitores. Eles adoravam tais acampamentos. Eu também, pois tínhamos mais tempo para conversar, aprender fazendo e trocar ideias. Ouvir adolescentes e suas necessidades eram para mim uma alegria sem par. Com esta nova rotina a tropa deu um salto em motivação e crescimento. O dia já estava no fim e a noite chegava mansa. Jantamos um belo bife com arroz que estava soltinho. Um dos subs era um cozinheiro de mão cheia. Lá pelas nove eles chegaram de mansinho na porta da minha barraca. Eu tinha feito nos outros acampamentos dois bancos de troncos grossos que encontrei cortado perto da lagoa do Jacaré. Cada um foi se assentando e um deles já colocava as batatas no fogo já aceso. Eu terminara o café e no bule esmaltado já tinha colocado junto à fogueira pequena com pedras em volta para não espalhar as brasas.

          Era uma rotina que todos gostavam de participar. Ali ficamos conversando até que um Monitor me perguntou – E a história de hoje Chefe? Sorri de leve. Sempre tinha uma historia para contar. – Vamos lá eu disse. Hoje iremos falar da Lei Escoteira. Uma patrulha que sempre achou que a palavra do Escoteiro vale pela sua honra. Mas o que é honra? Melhor contar a história. Eles se serviram de um biscoito de polvilho e alguns do café que estava quentinho. Um silencio se fez em volta. Mal dava para ouvir os grilos e ao longe na lagoa uma sinfonia de sapos cururus se divertiam todas as noites. – Tudo começou quando a Patrulha Onça Parda estava reunida na casa do Escoteiro Santos Dumont. Estavam lá o Monitor Rui Barbosa, e mais os Escoteiros e escoteiras Olavo Bilac, Caio Martins, Anita Garibaldi, Barbara Heliodora e Joana Angélica. Era uma rotina, pois todas as quartas feiras se reuniam em casa de algum membro da patrulha.  – Chefe! Interrompeu um Monitor, mas estes nomes são verdadeiros? Olhe que todos eles fizeram parte da história do Brasil. Bem pensado Antonio. Mas faz parte da história. 

          - Bem continuando, depois de discutido as sugestões que dariam para o programa do segundo semestre, eis que Anita Garibaldi levantou um assunto – Olhem meus amigos, lembram-se da última reunião que o Chefe fez um Jogo Escoteiro usando a Lei Escoteira? – Sim, disseram todos. Mas foi um jogo meio parado disse Olavo Bilac. – Concordo disse Anita Garibaldi, mas acho que valeu para nós. Afinal somos Escoteiros e o que significa a Lei Escoteira para um escoteiro? – Uma discussão simpática começou. Falou Caio Martins, Santos Dumont, Barbara Heliodora e Joana Angélica. Rui Barbosa o Monitor só observava. Ele sempre se questionou sobre a lei. Cumprir ou não cumprir? Dizia para si. Fazer o melhor possível? Quem sabe assim era mais fácil. Foi Santos Dumont que abriu o jogo – Para dizer a verdade eu não sou muito de cumprir esta lei. Ela existe para nos dar um caminho a seguir. Cumprir todos seus artigos é impossível, finalizou. – Não sei se concordo disse Olavo Bilac. Anita Garibaldi não falava nada. Só ouvia. O mesmo fazia Joana Angélica. Barbara Heliodora não concordou. – Não acho que devemos seguir pela metade. Se ela existe e nós prometemos um dia fazer o melhor possível não podemos continuar assim por toda a vida.

          Joana Angélica que pouco falava lançou um desafio – Porque nós que achamos que a Lei é tudo para os Escoteiros, que falamos em honra em palavra escoteira e em ética escoteira não tentamos por dez dias cumprir a risca todos os artigos? Quem sabe, prosseguiu, poderíamos fazer uma espécie de aposta e os que perdessem pagaria para todos uma rodada de sorvetes na Sorveteria do Paulão? Todos deram opiniões. Foi Rui Barbosa quem finalizou – Se todos aprovam eu estou de acordo. Lembrem-se que faltar com um artigo da lei é questão de consciência do próprio membro da patrulha. Para isto se ele não está preparado para cumprir os dois artigos da Lei que vão reger este desafio, não vale a pena continuar. Caio Martins entrou na conversa – Seria o primeiro artigo? O Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida? – Barbara Heliodora emendou – Este mesmo e eu acrescento o segundo. O Escoteiro é leal. Sem lealdade não existe amor, amizade, fraternidade e consciência de mostrar que acredita no que faz e sabe que os outros reconhecem seu Espírito Escoteiro.

             Aprovado o desafio, a reunião de patrulha terminou com um juramento de todos com as mãos entrelaçadas – Prometo ser leal e dou minha palavra escoteira que se errar direi a todos. – Era uma quinta, dia 12 de agosto. O desafio iria durar até o dia 22 de agosto. Rui Barbosa pensativo não sabia se conseguiria cumprir. Olavo Bilac ria baixinho – Este desafio eu tiro de letra - Caio Martins dizia para si mesmo que se quisesse vencer teria que caminhar com suas próprias pernas. Santos Dumont tinha dúvidas se também iria até o final. Anita Garibaldi não tinha dúvidas. Barbara Heliodora sempre se considerou leal e achava que sempre cumpriu os artigos da lei. Joana Angélica tinha medo de suas amigas de classe. Falavam muito palavrão e sempre contavam piadas que iam contra a ética e a honra. Os dez dias se passaram. Estavam todos reunidos na casa de Joana Angélica. Era a hora do acerto de contas. Hora que cada um devia dizer se cumpriu ou não a lei escoteira.

            Rui Barbosa deu o exemplo como Monitor – Não consegui no Sétimo artigo me perdi. Tudo por causa do meu pai. Encheu-me as paciências de tal maneira que fui indelicado com ele. Pedi desculpas depois, mas já havia infligido à lei. Joana Angélica riu baixinho e emendou – Eu também não consegui. O quarto artigo é danado. Amigo de todos? Isto inclui aqueles que não são Escoteiros. Tive que dar um empurrão na Rebecca minha prima. Entrou no meu quarto e fez uma bagunça que só vendo. Depois me arrependi. Afinal ela só tem cinco anos! Caio Martins só falou que cumpriu todos. Barbara Heliodora pediu desculpas, mas não cumpriu o quinto e o oitavo artigo. Não fui cortês com minha mãe e quando ela me repreendeu na frente de todos, eu chorei por dois dias. Nem me lembrei de sorrir. Olavo Bilac disse que cumpriu sem pestanejar e se precisasse ele ficaria para sempre cumprindo a lei escoteira. Anita Garibaldi também não conseguiu. Discuti com minha professora, pois ele me deu oito em história. Merecia um dez. Por último Santos Dumont disse que cumpriu todos.

            Os monitores e subs estavam de olhos arregalados. Chefe é história verdadeira? Quer saber? Eu não sei se iria cumprir como muitos fizeram. Não disse sim e não e encerrei a história com todos tomando sorvete na Sorveteria do Paulão. Empanturraram-se de tanto tomar sorvete. Um silêncio profundo em volta do fogo. Ninguém disse nada. Uma coruja piou ao longe. Os sapos pararam de coaxar. O céu ficou escuro e um relâmpago riscou o ar. – Boa noite meus caros monitores, chequem suas barracas a intendência, o lenheiro. Vem uma tempestade por ai!    

Nenhum homem tem o dever de ser rico ou grande ou sábio: mas todos têm o dever de serem honrados.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Ser pequeno é uma arte.


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Ser pequeno é uma arte.

              Dizem que você pode escolher em ser grande, mas sem estrutura ou ser pequeno e ter uma bela estrutura. Poxa! Isto seria bom demais. Já pensou a União dos Escoteiros do Brasil pensando assim? Olhe não falo mal da UEB por falar, saiba que a tenho no meu coração. Nunca vou mudar apesar de que não sou reconhecido por ela. Não tenho registro e nem vou fazer. Não vou me sujeitar aos politicamente corretos, às comissões de ética e patrulhamentos ideológicos coisas que são comuns por parte dos seus dirigentes. Eu já fui registrado, fui formador, dirigi centenas de cursos, fui Comissário ou se quiser podem chamar de Presidente (?) fui tantas coisas que já esqueci a maioria. Lidei com gente “bacana” bonita, simpática, mas lidei também com gente prepotente, vaidosos, soberbamente superiores, portanto acho que tenho algum conhecimento para comentar. Se vocês um dia puderem fazer um condensado dos meus escritos verão que em quase todos escrevo sobre um escotismo aberto, franco, sincero, amigo, leal, sem hipocrisias, na maioria das vezes feita por jovens, no campo, fazendo atividades aventureiras ou lembrando-se de um fato ou ato acontecido em sua vida que marcou.

                   Deixo na doçura das estrelas escrito aquele escotismo puro, fidedigno, sonhador e realista. Nos meus contos tem sim alguns finais que são tristes, mas esta é a vida e ela não é feita só de rosas. Elas também têm seus espinhos. Falo muito dos caminhos que estamos aventurando, trilhas feitas e outras trilhas desfeitas sem alcançar um final de pista feliz para todos os participantes. Se somos ainda pequenos, se existem sonhos de expansão deveríamos nos preocupar com o que temos. Afirmo que existe um completo abandono dos dirigentes em boa parte dos Grupos Escoteiros. Existe uma noção capitalista que quem entra anda e se mexe ou então fique na sua e se manda. Sempre tem os politicamente corretos a dizerem que temos tudo basta fazer corretamente. Suas palavras soam como se fossemos todos iguais, que temos que pisar corretamente na trilha do sucesso conforme muitos pisaram. Não importa se são ricos ou pobres, se são doutores ou lavradores, a lei é igual. As normas também. Até certo ponto eu concordo.

                     Uns alardeiam que estamos crescendo assustadoramente. Já temos nova vestimenta, novos distintivos, novo programa, e normas para domar o ímpeto daqueles mais afoitos em fazerem seu próprio escotismo. Todos os dias aparece algum novo. Mudaram o programa dos lobos, dos Escoteiros, dos seniores e dos pioneiros eu não sei. Eles são adultos e melhor é passar de lado. Somos uma organização perfeita ou quase no entender dos lideres nacionais. Os que não se enquadram fazemos questão de mostrar a eles o caminho da lei dizem. Eles é que deveriam se enquadrar no que somos. Portanto é perfeitamente justificável processá-los. Acontece que o feitiço aos poucos vai virando contra o feiticeiro. Perdemos todas as ações e estão agora a nos processar, pode? Esquecemos que um sorriso, um aperto de mão um abraço vale mais que mil chamadas de atenção, mil normas mil exigências. Isto não existe para nossos dirigentes hoje.

                    Gritam-se aos quatro ventos que somos democráticos, que fazemos tudo para o bem dos associados. Claro, eles são levados a aceitarem, pois caso contrário iremos pedir sua saída. Porque consultá-los? Porque pedir opinião? Será que eles estão devidamente preparados para isto? Porque eles não vão onde podem sugerir, mudar o que acreditam deva ser mudado. Eles estão indo as Assembleias? Não vão e ficam a criticar. Eita cretinice. Mas vamos ver até onde chegamos. Dei uma olhada e vi que cinco estados são o sustentáculo do nosso crescimento. Ainda não medi os resultados, homens que passaram pelo escotismo e hoje dão todo apoio ao nosso crescimento. Se tínhamos em 2003 63.000 associados e hoje somos mais de 85.000 é um salto gigantesco não? Em dez anos crescemos mais de 20.000 membros. Média de 2.000 por ano. Kkkkk. Da vontade de rir.

                     Dei outra olhada e vi que temos mais ou menos 1.130 Grupos Escoteiros no Brasil. Um país continental com mais de 5.600 municípios e pensando que muitos grupos estão localizados em uma só cidade nosso crescimento é gigantesco. E em efetivo por estado? Melhor parar por aqui. Faz pena. Estados maiores crescem, mas nada de anormal ano a ano, isto comparativamente com a população infantil e juvenil no Brasil. Vejam vocês soube que o Jamboree deste ano foi considerado bom. Isto é ótimo e olhe que lá estavam mais de 4.200 participantes. Deixo de relevar a quantidade de chefes. A meninada sorria. E não é que deste total São Paulo levou uma delegação de quase 1.200 participantes? Sobrou para os demais 3.000 vagas bem preenchidas. Não sei se teve algum estado que não foi. Ainda não vi o relatório claro, se o fizerem.

                     Agora será em São Paulo, Barretos propriamente dito. Uma estrutura tradicional. Tudo de grande escoteiramente falando se faz ali. Tirei um tempo para dar uma olhada nos Acampamentos de Férias que cobram uma fortuna para quem quiser ficar uns dias lá. Dei uma olhada no que  fazem. Podia ser copiados se já não foi. A procura é enorme. Não vamos esperar sistema de patrulhas, sub campos, tropas chegando e dizendo Sempre Alerta. Todos garbosamente uniformizados. Nada disto. Alguns grupos sim bem montados e presentes, mas a maioria é gato pingado de um a seis, três jovens e quatro chefes (são maioria) lenço amarrado ao pescoço, sorriso nos lábios e mais um jamboree. Deus meu porque fui dar uma olhada em outros fora do Brasil? Putz! Que marketing, que apresentação! Enfim, volto ao inicio da minha crônica. Se somos pequenos devemos cuidar melhor dos que precisam de nós, se somos grandes devemos pensar grande e facilitar ao máximo o crescimento de novos grupos, dar apoio irrestrito, marchar ombro a ombro.


                    Falo muito? Critico muito? Deus meu, será que não perceberam que nosso crescimento não é nada comparativamente com o crescimento populacional? Será que não perceberam que em mais de 4.800 municípios brasileiros não tem escotismo? Será que não perceberam que não temos apoio, não temos quem nos representante na sociedade brasileira? Caramba, onde foi que o marketing deste jamboree alcançou toda a mídia falada, televisada e escrita? Aqui mesmo na internet, que falam tanto, onde estão os “homes” da UEB? Colando um artigo, ou um comentário ou qualquer coisa! Quem sabe eles estão fazendo farinha de mandioca no pilão da dona Maria? É melhor calar por hoje. Já falei demais!       

sábado, 17 de janeiro de 2015

Pequeno por fora e grande por dentro. Parabéns Chefes


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Pequeno por fora e grande por dentro. Parabéns Chefes

               Tirei o dia para meditar. Levantei cedo e fiquei pensando, porque existem tantos chefes como eu? Será porque não sou tão grande por fora como outros? Sei não. Tenho amigos entre os grandes chefes e os pequenos. Os grandes sabem como sou, não dou parabéns a quem não merece, mas não os desmereço. Cada um faz o escotismo que acredita e isto ninguém duvida. Você pode fazer parte de um grupo escoteiro com uma perfeita estrutura empresarial e acreditar que este é o caminho para o sucesso. Vou mais além, acho que você está certo. Mas pense! Pense calmamente e não se segure em seu sucesso. Temos pouco mais de mil grupos no Brasil e quantos são iguais ao seu? Você é um Escoteiro de coração e sabe que são poucos, pois a maioria são pequenos, quase nada. Eles são culpados? Acredita mesmo nisto? Lembro-me de uma canção de Armando Cavalcante e Klecius Caldas maravilhosamente interpretada por Luiz Gonzaga, ela falava em ser pequeno e acreditar que vida é bela assim.

¶ Vai, boiadeiro, que a noite já vem, guarda o teu gado 
E vai pra junto do teu bem 

              Eu admiro os grupos escoteiros pequenos. Cada um com sua peculiaridade. Tem aqueles de poucos chefes, que lutam de sol a sol para aos sábados tentar ensinar aos poucos Escoteiros o maravilhoso método de BP. Como fazem, se em pé ou deitado não importa. A luta é constante. Destes pequenos grupos, cuja estrutura é mínima costuma sair grandes homens que nunca esquecerão seu tempo de escotismo. Eles sobrevivem aos trancos e barrancos. O material de campo é mínimo, a sede mal tem alguns bancos e muitas vezes a Bandeira Nacional do qual se orgulham tanto está velha e esbranquiçada. Adoro-os. Eu fui um deles no passado. Uma sede de seis metros quadrados. Uma escrivania, duas cadeiras e um armário. O material de campo ficava guardado em uma saleta no fundo da igreja. Reuniões no campinho de futebol atrás da igreja. Nossa! Tempos bons demais!

¶ De manhãzinha quando eu sigo pela estrada
Minha boiada pra invernada eu vou levar 
São dez cabeças, é muito pouco, é quase nada 
Mas num tem outras mais bonitas no lugar 

             Quem sabe se eu tivesse participado de um Grupo Escoteiro, com sede própria, almoxarifados com todas as patrulhas cobertas por caixas patrulhas enormes, abastecidas de bom material, bandeiras em profusão, doutores nos olhando com aqueles olhos de quem produziu bons frutos eu também poderia pensar diferente? Poderia até ter gostado, ninguém sabe o caminho que não escolhemos como devia ser hoje. Mas conheci centenas de Grupos Escoteiros humildes, chefes simples, alegres, e o melhor sempre bem uniformizados, Como era bom chegar a sede com seu cantil novo, sua faca nova, seu chapéu tinindo com as abas largas e retas adquiridas com muito suor. Passado de novo Chefe Osvaldo? Entre na trilha do presente, hoje somos modernos!

¶ De tardezinha quando eu venho pela estrada 
A fiarada tá todinha a me esperar, 
São dez "filhim", é muito pouco, é quase nada 
Mas num tem outros mais bonitos no lugar 

                    Eu torço mesmo que estes pequenos, que lutam para alcançar o sucesso como os demais que chegaram lá. Mas creiam, eles dificilmente irão ter esta oportunidade. O mundo vai passando, as épocas vão mudando e quase não deixamos frutos que irão dar a eles a oportunidade que merecem, afinal não são doutores, não tem a experiência de quem está mais próximo do poder. Eles são simples, acreditam nisto, ficam sorrindo quando recebem uma visita de alguém importante. Você pode dar a eles o caminho a seguir e eles irão sorrir com suas palavras. Sabem que eles não têm condições de dar o passo do sucesso que você ensinou. Cursos? Alguns deles fazem, tem aqueles privilegiados que um dia conseguem ter a Insígnia de Madeira, mas sempre serão os mesmos do passado. Eles gostam assim e porque tentar mudá-los?

E quando eu chego na cancela da morada 
Minha Rosinha vem correndo me abraçar 
É pequenina, é miudinha, é quase nada 
Mas num tem outra mais bonita no lugar!

                   É, é isto mesmo. Eu também fui assim. Bom demais, preocupar com burocracias? Entrar no SIGUE? Deus do céu! Meu caso era outro bem diferente e por favor meu querido amigo, não repita para mim novamente que agora os tempos são outros, os jovens querem outro programa, os jovens não são os mesmo de outrora. Pode ser, quem sabe acredito nisto. Quem se interessa em ser também um herói da floresta? Quem se interessa em dormir sob as estrelas? Quem se interessa a aventurar numa trilha de uma floresta inexpugnável? Quem poderia imaginar fazer uma jangada e descer por quilômetros em um rio? Quem poderia pensar num grande jogo em um vale cheio de perigos? É hoje os tempos são outros. Idiotice pensar que acender um fogo, cantar em volta dele, dançar como os índios faziam, pular o fogo e receber um nome de guerra, e entrelaçar as mãos cantando uma canção e contar estrelas no céu são coisa de maluco na floresta dos sonhos.   

¶ Vai, boiadeiro, que a noite já vem, guarda o teu gado 
E vai pra junto do teu bem ¶.


            Poxa chefe, muito do que o senhor falou ainda se faz, isto não desmerece a estrutura perfeita! Será? Ainda me lembro com saudades quando dávamos as mãos para ajudar uns aos outros com atos e não com palavras. Quem sabe falta isto nos nossos dirigentes para que aqueles mais simples possam alcançar o seu caminho para o sucesso? Mas pelo sim pelo não, ainda escolheria outro caminho para ser um Escoteiro. BP dizia que se fosse menino seria Escoteiro do Mar, eu repito se fosse menino seria Escoteiro como fui. Amante da natureza e das estrelas no céu sem nenhuma burocracia a me prender. Livre e solto e seguir o vento onde ele for!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Viva Datena e droga errei! Devia dizer: - Viva a UEB!


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Viva Datena e droga errei! Devia dizer: - Viva a UEB!

                           Eu gosto do Datena quando ele diz assim: Será que estou errado? Se você não sabe quem é o Datena é um comentarista de TV que fala o que quer e o que não quer. Sei de muitos que passam longe do seu programa mas eu de vez em quando dou uma olhada. Muitas vezes me faço à pergunta – Será que estou errado? Acho que sim, como dizem alguns chefes politicamente corretos eu ainda vivo no tempo da onça. Ainda fico batendo o martelo no mesmo prego entra dia sai dia. – Mas cá entre nós, não dizem que temos orgulho do nosso uniforme ou vestimenta? Você não pensa assim? Qual o melhor marketing para dizer quem somos? BP já dizia que era a farda Escoteira. Você pega um Jamboree, mais de 4.300 associados lá, e preste atenção, na maioria das vezes prendem o lenço no pescoço e dizem que estão uniformizados. Quem vê vai sempre lembrar assim. Agora eu pergunto para que possuir as outras peças do uniforme ou vestimenta? Para que? Quando deveriam se posicionar como representantes de uma organização que deveria ser respeitada eis que chefes e jovens tiram fotos, passeiam pela cidade, passeiam pelos campos com um lenço amarrado pelas pontas. Será que estou errado?

                         Sempre recebo um convite de um palestrante ou conferencista famoso. Tem de tudo. Tem aquele que nos dá ânimo, tem os que comentam fatos atuais, tem aqueles que sabem tudo sobre economia, ou esportes. Sempre cobram a entrada. Os famosos aparecem em radio, TVs, You Tube, Blogs e o escambal. Outro dia recebi um convite de um deles que iria dissertar sobre a Lagartixa Voadora! O povo vendo isto vai aprendendo vai decorando e falando para seus vizinhos e amigos. E o escotismo? Vocês já viram por acaso algum conferencista, palestristas ou mesmo um que atinge uma boa parte da população falando de escotismo? Digam-me sinceramente, alguma vez chegaram perto de um politico famoso, que sorriu ao vê-los bem uniformizado e disse: Adoro o escotismo. Fui um deles. Baden-Powell criou um dos maiores movimentos educativo para jovens do mundo! Já? Digam-me por acaso foram visitar alguns dirigentes empresariais e foram bem recebidos, saindo de lá com mais sócios beneméritos para o seu Grupo Escoteiro? E você no seu trabalho, alguma vez seu Chefe, gerente ou diretor o chamou para lhe dar os parabéns pelo seu trabalho ao movimento Escoteiro? Estamos fazendo o certo ou será que estou errado?

                       Nas últimas eleições foram centenas de chefes que se envolveram na escolha dos seus candidatos. Uns mais revoltados falaram até o que não deviam nas redes sociais. Agora, dentro da sua própria organização quantos realmente lutam para ela acertar democraticamente, fazem de tudo para que suas ideias (se elas existirem é claro) sejam ouvidas? Este ano teremos eleições, vamos melhorar os Estatutos. Ainda sobre o acordão de uma Assembleia marcada pelo corporativismo. Mas alguém se importa? Quando recebe normas que você não foi consultado ou informado você sempre diz sim senhor? Ou será que muitos tem medo do patrulhamento ideológico que existe em todos os órgãos Escoteiros? Medo? Quanto você recebe por mês para ser Chefe e ter medo de perder o emprego? Não tem direitos e não cumpre seu dever trabalhando pelos jovens em sua área de atuação? Um jovem outro dia postou aqui que ele se ressente por nunca ter visto uma pesquisa em seu grupo, uma consulta ou uma informação transparente. Será que ele está errado?

                      Temos no escotismo uma disciplina que muitos aplaudem. Por isto temos diversos membros da associação que lutam para ter um cargo melhor na hierarquia Escoteira. Ainda bem que a maioria não está nem aí. Chamam aqueles que lutam para ser alguém que vão ter o poder do nada, mas caramba, eles lutam uma luta feroz por isto. Vê-se tantos arrostando vitórias no seu grupo, no seu distrito, mostram o caminho certo a seguir e talvez você não saiba: - Há mais de 35 anos que nosso efetivo sobe e desce entre 70.000 há 85.000. Dizem que estamos crescendo e que em 2000 e não sei quanto chegaremos aos 100.000. Só isso? Você já leu alguns artigos meus, e digo e repito que nossos resultados não são os melhores. Mudaram o programa, o uniforme, mudaram muitas coisas com vista a sermos conhecidos no Brasil inteiro. Uns dizem que estamos batalhando para termos resultados bons. Até agora não vi e nem sei se ainda vou ver no restante dos anos que viverei. Veja a maioria dos grupos são simples e a seu modo lutam por um escotismo melhor. Não aqueles poucos que jactam serem perfeitos. Eles estão ou já chegaram ao Caminho para o sucesso. Outro dia entrei na página de um deles e quer saber? O que vi de fotos e comentários não são lá estas coisas. Mas será que não estou errado?

                      Já disse e repito, resultados para se alcançar precisamos dar as mãos, conversar, trocar ideias, projetar planos futuros a curto, médio e longo prazo. Isto não se faz com meia dúzia. Em nome de uma modernidade mudamos muito. O que vejo agora são lenços no pescoço e mais nada. Veja sem desmerecer aqueles grupos que se orgulham do seu uniforme, estão bem uniformizados, são orgulho para nós, estão fazendo um marketing superior o que a UEB faz e estes eu tiro o meu chapéu. A maioria no entanto não está nem aí. Tenho visto dezenas de fotos do Jamboree, claro a maioria chefes. Gostaria de ver mais marketing dos Escoteiros nos acampamentos, patrulhas completas em ação nas atividades aventureiras, que seja duas, três ou quatro, muitos alcançando o Lis de Ouro e o Escoteiro da Pátria todos os anos, e não um mais esforçado. Gostaria de ver no peito dos jovens estrelas de atividades com dois três ou quatro anos. Sei que você pertence a um grupo de elite, dos bons, aquele que está acima de suas pretensões. Estou falando dos outros, a grande maioria que alguns dirigentes ou propensos dirigentes dizem que a culpa é dos chefes, eles é que deveriam aprender, correr atrás. E para que temos uma direção? Gente do mais alto gabarito? Será mesmo? Ou será que estou errado?

                        Sei não, acho que devia parar de falar sobre isto. Ninguém se importa o os que importam me contradizem como se estivéssemos nos melhores dos mundos Escoteiros e tendo os melhores resultados do mundo. Um país com uma população de duzentos milhões de habitantes e é o sexto em efetivo na América do Sul dá para pensar. E durma-se com um barulho desses ou será que estou errado?


Ps. – Me falaram que o congresso/assembleia nacional vai ser em São Paulo. Quem sabe estarei lá pelo menos por algumas horas para rever amigos, abraçar uns e outros, dar um sorriso e um aperto de mão. Mais nada. Tenho que  tomar cuidado. Não tenho registro e nem sei se darão um chute no trazeiro por ser um Velho chato, de galocha e que não tem papas na língua! Risos. Ou será que estou errado?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Crônicas de um Velho Escoteiro. O caminho para o Sucesso!


Crônicas de um Velho Escoteiro.
O caminho para o Sucesso!

           Hoje não vou escrever sobre o Jamboree. Um mineiro amigo meu está lá e tem comentado comigo o andar da carruagem. Diz ele que existem muitos senões, mas os acertos são maiores. Comenta que a moçada Escoteira está gostando. Muitas amizades sendo feitas, muitas diversões nos jogos realizados. Termina dizendo que a estrutura é esforçada, mas ainda existem falhas. E termina: - E quem não as tem? Se os jovens estão sorrido temos que sorrir também. Assim vou dar uma guinada de noventa graus. Cento e oitenta graus é demais. Meu tema hoje é o Caminho para o Sucesso. O sucesso Escoteiro. Esqueçamos por alguns instantes o escotismo de outrora. Ele já é passado, agora estamos no presente e precisamos fazer um escotismo de qualidade o que nem sempre aconteceu. Fico feliz em ver que ainda tem Grupos Escoteiros que são modelos na formação dos jovens dentro do método Escoteiro. Eles sabem como fazer, pois a experiência de anos foi saudável na criação de uma boa estrutura.

            Quem não se sente feliz em uma família Escoteira onde tudo caminha para o sucesso? Bons chefes, bons diretores, pais conscientes de suas responsabilidades, reuniões perfeitas entre eles, um entrosamento fantástico como se fosse uma grande família. Ali tem amigos, elogios, sorrisos e fraternidade. Os chefes estão alegres, pois a procura de jovens é enorme. Tem alcateias completas, chefes de lobos sorridentes e amigos. E as tropas? Quem não gostaria de ser Chefe onde as patrulhas estivessem completas, onde não houvesse deserção, onde os monitores são verdadeiros amigos dos jovens de sua patrulha, e estão aprendendo dentro do prisma da lei e promessa que a formação para eles no futuro será compensadora. Eles sabem que ali o Sistema de Patrulhas é perfeito, não o Sistema de outrora, mas o sistema moderno que a vida hoje nos faz viver. Estes grupos estão realmente no caminho para o sucesso. Aprender a fazer fazendo, deixar o jovem andar com suas próprias pernas deve ser o lema geral do Grupo. Se não for assim me desculpem, mas não é o escotismo na sua verdadeira raiz. Não confundam com os tradicionalistas, aqueles que só ficam a lembrar do passado esquecendo que o hoje é o presente.

              Quantos grupos deste naipe têm em todo território Nacional? Os relatórios da UEB dizem que temos mais ou menos 1.200 grupos atuantes no Brasil. Quantos são aqueles grupos que fazem bom escotismo e tem uma estrutura perfeita? Não sei o número, mas devem ser muitos pelo que ando lendo. Sei que dentro de suas comunidades a participação é perfeita da sociedade. Os pais são atuantes, a diretoria dá condições a todos para atuarem nas técnicas Escoteiras em suas sessões. Os chefes destes grupos tem toda uma infra-estrutura para darem a eles condições de atuar com os jovens. Cursos, material, apoio e formação moral com bons exemplos dos diretores e Diretor Técnico. Este sim é um grupo que eu se lá estivesse me orgulharia. Ver os antigos participando, dando apoio, vendo o sorriso da escoteirada na bandeira, muitos chegando a Lis de Ouro e Escoteiro da Pátria. Sem contar os bons acampamentos, as boas atividades aventureiras e ali sim teremos jovens bem formados para o futuro, e retribuindo de força expressiva tudo aquilo que receberam.

               Dizem que estes grupos tem bom retorno. Não encontram muita dificuldade para ter uma estrutura perfeita. Eles esqueceram a estrutura de outrora (saudades), pois sabem que ela não volta mais. Outro dia um me disse que vivíamos escondidos, presos nos pátios da sede, sem participação efetiva da comunidade e de grandes atividades nacionais. Quem sabe é verdade? Não posso defender o passado, pois não me enquadro nestas palavras. Ainda lembro e repito o que já disse aqui: - Chegamos à patrulha a um arraial, quem sabe duzentas trezentas almas, longe da civilização, paramos, uma roda de meninos e adultos se fez. Um gritou: - São Escoteiros do Brasil! Risos. Que orgulho eim? E falar no marketing presente? Não, não vou voltar ao meu artigo anterior onde fui claro nas minhas convicções. Mas eram bons tempos que não voltam mais.

                Não vamos repicar o já esclarecido. Isto não interessa mais, interessa sim que hoje os jovens são outros. Tem de receber o escotismo diferente do passado. Para isto bons grupos, ótimas estruturas funcionais, chefes capazes e bem formados, uma comunidade participativa e atuante. Pais perfeitos. Quem não gostaria de participar de um Grupo Escoteiro assim? Mas sabemos que a realidade é outra. A maioria dos grupos não tem esta estrutura. Tem chefes que nem sabem o que é isto. Culpa deles? Dizem que sim. Deveriam estar lendo aprendendo, fazendo cursos, quem sabe estagiando com os melhores para fazer o mesmo e se orgulhar do escotismo que fazem. Orgulhar? Meu Deus! Pode ser um grupo merreca, uma tropinha de nada e maltrapilhos, mas eu os conheço bem eu sou um deles sei que tem enorme orgulho pelo que fazem. Uma Chefe de um estado longínquo me disse que o grupo se reúne em um gramado perto da escola, não tem sede, o material que é quase nada fica distribuído nas residências dos chefes.  

               Tenho tanta coisa para dizer, tanta coisa para viver e preciso aprender como fazer para que grupos como o da Chefe Escoteira se transforme em uma potencia estrutural. Mesmo com meus 74 anos, 66 de escotismo ainda tenho muito que aprender. Ainda bem que estes grupos de elite, cuja estrutura é perfeita, onde anualmente saem jovens adultos bem formados e levando consigo perfeitos adultos integrado a comunidade estão a revolucionar o movimento Escoteiro. De sua seara sairão os futuros dirigentes nacionais. Afinal eles estão proximo do poder. Sabem como funciona, sabem como agir, sabem o que é bom para o Zé das Quantas e a Maria Cobra D’água. Eles sim vão revolucionar o movimento. Vão mudar o hoje pelo amanhã. E quando ficarem velhos como eu, irão sorrir e dizer: Deu certo. Agora é aprimorar e viver a realidade do presente. Ninguém pode contradizer que estamos vivendo  um novo presente, uma nova era. A era do Escotismo Moderno.


                      Eu peço minhas humildes desculpas pelo meu passado. O que achava que era belo, a luta pela vida, o aprender a fazer fazendo, viver em patrulha com amigos que permaneciam por anos e anos, o direito de decidir, a vontade de aprender, a fabulosa vontade de descobrir novos rumos, as grandes atividades aventureiras ficaram no tempo. Precisamos entender esta enorme juventude que vive agora um presente auspicioso. E assim vamos facilmente conseguir facilidades para eles. E lutando por elas para que todos os 1.200 grupos no Brasil possam ter o mesmo. Só tenho medo de aparecer um dia um radical que irá dizer: Desapareçam! Se não querem ser como nós, que fiquem no limbo e sumam na fumaça da modernidade!  

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Arriba a bandeira do Jamboree, pois o mastro vai cair!


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Arriba a bandeira do Jamboree, pois o mastro vai cair!

           Jamboree! Ah jamboree! Repetitivo os comentários. Uns aplaudem, dizem que os nossos lideres estão tirando lindas fotinhas para aparecerem no site da UEB. Gritaram do norte: - Somos seis mil! Gritaram do Oeste: - Somos cinco mil! E o sul e sudeste ficaram em quatro mil e trezentos. Muitos? Para alguns deve ser. No próprio estado que está sediando o Jamboree comentam que tem cento e poucos presentes. Mas eles não tinham cem Grupos Escoteiros? Risos e aplausos aos estados mais ricos. Delegações de cair o queixo. Soube de avião fretado. Agora os pobretões amargaram quatro dias de estrada em um ônibus de carreira. E o Zé das Quantas que foi de bicicleta? Você fica embasbacado! – Bandeiras ao vento para o acampamento de todo Brasil! Espera-se ver crianças, jovens, mas não. Os adultos fazem a festa. Estão lá na praia, bebendo água de coco e andando para cima e para baixo dando SAPS, e sorrindo abraçados as meninas que colocaram um lenço no pescoço. Você não os vê abraçados com meninos. Putz! Dá cocegas! Mas tem aqueles que pagaram uma taxa menor e são Staff. Trabalham sorrindo. Querem ver a meninada sorrindo. E os marmanjos que não fazem nada? Minha nossa! Não sirvo para Staff! Deus me livre!

           Jamboree! Ah jamboree! – Chefe em vez de ficar metendo o pau porque não foi lá ajudar? Um me disse. Sorri baixinho. Quem me dera. Se pudesse se a saúde deixasse teria que levar meu bastão de ponteira de aço. Pesado, de peroba. Precisaria dele para dar umas pauladas nestes metidos a besta que se acham os tais. Você soube de uma delegação que se preparou por meses, confeccionou vestimentas próprias, sonharam em apresentar a todos sua apoteose na abertura e um Banana de um adulto que se diz o dono da bola não deixou? – Estamos atrasados gritou! – Ficaram ali atrasados esperando a “otoridade” do estado. Afinal ele podia atrasar e a apresentação dos meninos que fosse para as cucuias. Mas caramba! Não é um Jamboree para jovens Escoteiros? Que o governador esperasse.

             Não estou lá. Não posso criticar. Só posso escrever o que me contam. De um Chefe que viu sua “otoridade” ameaçada e deu uma esparrela na tropa. Gritou como um bom sargento com sua tropa. Valente o moço. Mas não me disseram que estamos ali para fazer os meninos sorrirem? Deve ter mais. Afinal dizem que já temos verdadeiros profissionais em montagem de grandes atividades Escoteiras. Pena que eles não entendem bulhufas do sistema de patrulhas. Arrê! Seu moço! Aqui isto não existe, aqui é sistema de batalhão. E vamos em frente que atrás vem gente! Não fiquei sabendo dos jogos, das competições e claro ainda vai ter o Fogo de Conselho. Será que a primeira dama vai estar presente? Vai chegar na hora ou todos terão de esperar? Ainda bem que temos grandes chefes para dizer que a culpa é dos chefinhos. Eles é que fazem toda a “caca” de ruim que acontece conosco. Os grandões não. Eles estão lá. Despesas pagas. Será que ficam em barracas ou em hotéis cinco estrelas? Não sei. Tomara que seja nas barracas e Meu Deus, por favor, que caia uma tempestade só nas barracas deles e deixe as da meninada em paz.


                Jamboree! Há Jamboree! E dezenas dizendo que gostariam de ter ido. Chefe fiz tudo, mas não deu. Ainda sonho em participar dizem muitos. Quase dois mil chefes estão lá. Um me disse que seria um por quatro meninos. Alguma coisa está errada nesta matemática. Só espero que eles se animem e quando voltarem dêem belas reuniões em suas tropas. Bem chega por hoje. O Jamboree não é mais noticia. Deixa as águas de janeiro rolarem. Dou risadas quando me lembro de quem inventou a frase: Enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé.  E viva os dirigentes Nacionais. (e por que não também os regionais?). E será que desta vez vamos ver o balancete? Putz! Vou soltar foguetes!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quem somos? Escoteiros? É mesmo?


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Quem somos? Escoteiros? É mesmo?

                     Ops! Desculpem, não tirei a semana somente para comentar criticar nossos dirigentes sem dar nada em troca. Como dizem vários politicamente corretos Escoteiros temos que cerrar fileira para vencer a batalha. Mas afinal eu ainda pergunto como se eu fosse à sociedade brasileira – Quem são Vocês? O que fazem? De onde vieram e para onde vão? Para que serve o escotismo? Escotismo é o que? – Difícil responder? Eu sei que sempre tem aqueles que sempre tem a resposta na ponta da língua – Escotismo é uma sociedade secreta, que se esconde uma vez por semana em pátios, igrejas, templos, e tem alguns que na calada da madrugada escondidos em ônibus ou automóveis vão para o campo brincar na natureza! – É mentira “Terta”? Mentira uns quiabos que são! É verdade pura. Ninguém nos conhece. “Ninguém” entre aspas. Pergunte lá no Ministério da Educação. O novo ministro quem sabe já teve o privilegio de ter um lenço Escoteiro no pescoço colocado por alguém que o amava. Isto é comum algum Chefe se sentindo prestigiado e sem perguntar tasca um lenço no pescoço do politico. Ele dá risadas. Veja o Lula há tempos atrás. Já vi dezenas de fotos assim. Fora isto ele não entende bulhufas de escotismo. Mais além? Pergunte aos Pedagogos, filósofos, pensadores, professores catedráticos, membros do clero, das igrejas pentecostais, pastores altos dirigentes empresariais e etc. no Brasil o que é e o que fazem os Escoteiros. Pago para ver uma boa resposta.

                   Dizem alguns entendidos que a falta de marketing é nossa, do famigerado Chefe Escoteiro. Adoro estes caras, sempre colocam a culpa no Chefe. O coitado se mata para ir aos sábados nas reuniões, deixam os familiares por longos fins de semana e embrenham em matas e bosques sem medo de mosquitos carnívoros. Você meu amigo ou minha amiga é a única culpada! Esqueça os dirigentes regionais e nacionais. Eles se esfalfam para conduzir burocraticamente o escotismo, dando duro fazendo normas, exigências, dizendo a você que sua foto é deles e se não quiser assinar não será registrado. Exigindo isto e aquilo para seu registro. Mas não é este o caminho desta minha crônica. Estou cansando de mostrar as mazelas do escotismo no Brasil. Não temos marketing, não temos alguém que entende disto nas lideranças regionais e nacionais, somos uns eternos desconhecidos nem mesmo temos alguém preparado ou um profissional para dar palestras, correr redações de jornais, rádios e TVs. Um Zé das Quantas faz uma escolinha de futebol para jovens carentes e é noticia. Nós? Só somos noticia quando alguém morre, um some no mato, rouba e aí sim dizem em letras garrafais – Era Escoteiro!

                    Nos últimos tempos tivemos uma jovem atriz que se declarou Escoteira. Foi um estouro na imprensa. Ela querendo ajudar levou a equipe de um jornal ao seu grupo. Lá viu meninos e meninas dando um grito de patrulha, fazendo nós e cantando a árvore da montanha. A emissora é claro colocou no ar. O Jô, um cara batuta para avacalhar tudo convidou a moça para uma entrevista em seu programa. A mocinha atriz lá foi. Ele sempre querendo colocar ela em situação vexatória. Na sua inocência comentou sobre um Curso de Sobrevivência na Selva que fez. Quando disse que matou uma galinha, depenou e assou foi um Deus nos acuda! A sociedade dos animais fez um escarcéu. Chefes mandaram e-mails por todo Brasil revoltados. Eu me senti culpado, pois na minha infância Escoteira, duro, sem dinheiro ia acampar usando as facilidades da natureza. Quantas rolinhas matei e comi? Quantos tatus? Até uma a cascavel comemos e a Deus agradecemos. Assassino me disseram. Enchi a barriga e na patrulha ninguém reclamou. Ela simplória preferiu não falar mais nada. Os “home” da UEB com a faca e o queijo na mão nem deram bola para ela. Aproveitaram para aparecer no Jô e prefiro nem comentar. Estavam completamente deslocados. Belo Marketing.

                    Mas voltemos ao tema deste artigo. Ninguém conhece para que serve e qual a utilidade do movimento Escoteiro. Uns gatos pingados sim, mas a sociedade brasileira como um todo nem sabe que existimos mais. De vez em quando um ou outro faz uma reportagem e me sinto envergonhado com o que vejo. Chefes fazendo das tripas o coração para tentar explicar e repórter querendo declarações bombásticas. Onde vamos parar? Na última vez em um Programa da Globo que dele quero distancia um tal de Bial ironizou o escotismo do começo ao fim. A escoteirada se revoltou a Globo recebeu uns petelecos de Escoteiros e o Bial com os dedos cruzados pediu desculpas. E assim vamos indo, Entra ano passa ano e nada. Sempre os chefes os culpados por não termos marketing. Vocês pagam tudo o que fazem taxas anuais, taxas de acampamentos nacionais e regionais, taxas de cursos, taxas de acampamentos e os dirigentes? Fazem o que? Dão-lhes apoio com um registro e segurança com um seguro? Meus amigos isto não vai nos levar nunca a lugar nenhum. Nem me venham dizer que devemos buscar nossos direitos nas assembleias. Papo furado. Lá nem somos notados.

                 Domingo eis que me deparo com um artigo do Carlos Heitor Cony. Para quem não o conhece é um jornalista e escritor brasileiro. É editorialista da Folha de São Paulo e membro da Academia Brasileira de Letras. Portanto uma sumidade na escrita brasileira. Ele fala sobre Escoteiros, não mete o “pau” como muitos, mas se diverte ao falar de Escoteiros, nos velhos chavões de quem desconhece nosso movimento, dá risadas ao contar a história já antiga do escoteirinho na sua boa ação que queria fazer a velhinha atravessar a rua de todo jeito. Não é um artigo dos piores, mas não ajuda em nada na nossa transparência para o publico. Continuamos uns eternos desconhecidos. A UEB até hoje se esqueceu de que não temos marketing nenhum. Parece que contratou um profissional do ramo, não tenho certeza, enquanto isto alardeiam aos quatro ventos que você meu caro Chefe e minha cara Chefe são os culpados por tudo de ruim que acontece conosco. Seus meninos não foram no Jamboree? Você é o culpado. Sua tropa definha e não existe procura? Você é o culpado. Tudo a culpa é sua. Os valentes dirigentes nacionais sorriem para as estrelas.


                   Chega por hoje. Ainda fico a lembrar do passado. Éramos batutas com nossos caquis a voar por toda cidade estupendamente bem uniformizados. Lembro quando a Federação Sul Americana fez um bonito marketing escoteiro na CNN em espanhol, empresas falando de escotismo em seus produtos. Mas agora tudo é moderno. Não é mais assim. Já está ficando enfadonho ficar aqui tentando mostrar aos nossos chefes do Brasil que precisamos de uma guinada de 180º. Difícil isto acontecer. Somos uns eternos sonhadores, uns eternos amantes da disciplina, viramos o rosto para os erros, para os desmandos, para a falta de transparência e democracia e sempre temos uma explicação que dizemos sorrindo – Chefe temos que preocupar com os jovens – eles precisam de nós. E durma-se com um barulho desses.