segunda-feira, 30 de março de 2015

Acampar, um sonho escoteiro.



Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho escoteiro.

                   Falamos muito em acampamentos de Giwell. Sei que muitos conhecem e muito bem, mas tem outros que ainda não. Escotismo sem ele está fora da realidade. Quando os jovens ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram. Eles adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se o último acampamento que foram decepcionou e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí meu amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. E olhe não se esqueça de perguntar a eles. Não adianta o melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas lembre-se você não pode falhar. Você é o Escotista responsável para que os sonhos deles se tornem realidade. Quando você deu a eles as delicias de uma vida mateira, quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o tempo foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de ir, então, e então o sucesso é garantido e absoluto. 

                    Costumo dizer que existem acampamentos e acampamentos. Alguns confundem o bom e Velho acampamento Escoteiro com camping. Levam mães para cozinharem, mesa e cadeiras de camping, lampião a gás e tantas outras bugigangas. Outros aproveitam e fazem uma festa. Lá estão os lobos os seniores e não esquecem dos filhos, avós tias e o escambal.- Mas será isto mesmo? É isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Escoteiros acampam separadamente por sessões e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a organização é a “alma do negocio”. Se a preparação foi perfeita e a organização também o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes Escoteiros, pois muitos podem me dar lições do que é um bom acampamento Escoteiro. Este artigo foi feito para aqueles que ainda não conhecem ou fizeram acampamentos totalmente dentro dos padrões de Gilwell. Se não for assim não é um acampamento Escoteiro. Gilwell é considerado o centro de adestramento mundial. Quando dizemos a moda Gilwell é que ali se pratica conforme Baden-Powell especificou e fez no seu primeiro acampamento em Browsea. No mundo inteiro os acampamentos são realizados com os padrões de Giwell. A liberdade da Patrulha é absoluta. Cada uma tem seu campo de Patrulha pelo menos a vinte ou trinta metros de distancia uma da outra. É como se fosse uma casa, um lar da Patrulha.

                   É importante dizer que estranhos (chefes, Escoteiros de outra patrulha ou visitantes) só entram se convidados ou pedirem permissão. A Patrulha tem seu próprio material de campo, sua intendência e dentro do possível farão as pioneiras necessárias para que a comodidade, a higiene e o conforto possa dar o que eles têm em suas residências, claro no possível. Importantíssimo é a escolha do local. Hoje nem sempre encontramos nas cidades maiores bons locais. Isto não é empecilho para um bom Chefe. Conversar com outros grupos, pesquisar, ver um pai que tem um sítio ou conhecido se consegue muita coisa. Não sou daqueles de alugar local que frequentemente são oferecidos. Quanto mais caro menos jovens irão participar. Não é difícil se relacionar com o proprietário de um local bom para acampar e de graça. Coloque o uniforme (apresentação faz parte de um bom relacionamento e o proprietário vai pensar que somos gente séria). Quem sabe um passeio com seus assistentes nas redondezas e ou estradas secundárias? Os nativos são bons para informações. Se conseguirem façam amizades com o proprietário, diga para que ele o que pretendem e falem da formação Escoteira lembrando sempre da lei e promessa. Peçam autorização.

                    Lembrem-se que não vão acampar ali somente uma vez. Assim o proprietário deve sempre ser convidado para uma bandeira e quem sabe entregar a ele um lenço do grupo em solenidade especial. Eu disse entregar e não promessar. Conheço chefes que em São Paulo tem sempre a mão quatro ou cinco bons locais. Um telefonema a cada dois meses para manter a amizade, um parabéns de aniversário, um convite para uma pizza e você vai ter a amizade do proprietário para sempre. Lembremos que o espírito de aventura nos escoteiros é primordial. O local não deve ser perto de residências, postes de luz e estradas. Nada que lembre a civilização. Até os veículos que irão fazer o transporte devem ficar distantes das patrulhas. Não esqueça se vai acampar avia-te em terra. Nada pode faltar. Chefes novatos ou mesmo até antigos ficam a passear de carro indo e voltando com “bagulhos” que faltaram. Se a patrulha tem um bom intendente ele sabe como se organizar. Para isto ela deve ter todo seu material necessário (dentro das possibilidades). Uma boa caixa de patrulhas demora anos para ser organizada. Barracas, vasilhame, material de sapa tudo muito bem acondicionado costuma levar Escoteiros em lugares distantes sem problema.

                       É importante saber que tudo vai funcionar bem se você preparou antes seus monitores em um acampamento só com eles. Se eles vivenciaram bem como deve ser feito um acampamento de Giwell. Quando isto não é feito tudo pode dar errado. (Lei de Murphy). Sei que tem patrulhas que acampam há anos e sempre com os mesmos patrulheiros. Assim podemos ficar tranquilos, pois o acampamento vai ser nota dez. Cada patrulha deve ter um responsável para cada função no acampamento.  Um almoxarife/intendente, um socorrista, um cozinheiro, um aguadeiro/lenhador, um construtor de pioneiras e muitos outros. Lembremos, no entanto que ali no campo a máxima é: - Um por todos e todos por um. Monitor que faz tudo não tem Patrulha tem ele e isto não é escotismo e nem ele procede como um monitor. Quando isto acontece ele reclama de todo mundo. O adestramento ou formação dos monitores é de responsabilidade dos chefes. Machadinha, facão materiais de sapa de corte ou não ninguém deve usar se não foi bem treinado. As pioneirias surgirão espontaneamente, pois a cada uma eles irão aprender mais e desenvolver melhor as próximas.
             
                               Importante lembrar que ninguém anda sozinho no campo. Sempre em dupla, com o Monitor ciente aonde vão e em distâncias curtas. Um mes antes do campo o material deve ser revisado e se o Almoxarife for bom às barracas já foram várias vezes colocadas ao sol para não mofar. Claro que as ferramentas de corte foram afiadas e bem oleadas para não enferrujarem. É importante que o tempo no campo para desenvolver o programa não deva ser corrido. Só de estar lá, na sua Patrulha, lutando lado a lado, construindo, rindo, calos nas mãos, sol quente e dando bravo quando a refeição está pronta já valeu o acampamento. Os tempos livres devem existir para eles descansarem e criarem atividades próprias. (pistas de animais, pescaria etc.). Jogos, atividades técnicas como comando Crow, Falsa Baiana entre outros devem ser feitas pelas patrulhas e nunca pelo Chefe. Calma com apitos. O Chefe que apita muito enche a paciência. Chame somente quando necessário. Conhece o sistema de bandeirolas? Varias pequenas, cada uma de uma cor, cada cor identifica o patrulheiro. Monitor, sub monitor, intendente, cozinheiro, aguadeiro, almoxarife etc. Subir a bandeirola do aguadeiro fará dele o melhor aguadeiro do mundo.


                 Um bom acampamento segura o jovem ou a jovem por muitos anos. O mau acampamento afugenta-o para nunca mais voltar. Lembre-se, acampe só com sua tropa. Não misture e nem convide outras sessões. Cada Chefe é responsável pelo seu acampamento. Não leve convidado, não é festa. Desculpe não leve seu filho pequeno seu Chefe da fábrica seu cozinheiro e nem sua sogra. Você vai estar ocupado. Cuidando de muitos e eles esperam muito de você! 

quinta-feira, 26 de março de 2015

O maravilhoso mundo da fraternidade escoteira.



Crônicas de um velho Escoteiro.
O maravilhoso mundo da fraternidade escoteira.

                 Exalta-se por todos os lados, em todas as nações onde o escotismo é praticado que ter a alegria de por um lenço, fazer uma promessa, sair por aí enfrentando o vento, olhando o céu azul, amigos juntos, são particularidades de nós escoteiros que praticamos o escotismo. É mesmo um movimento maravilhoso e único. Perguntem aos Florestais. Perguntem aos meninos da FET ou perguntem aos jovens da AEBP. Perguntem aos Desbravadores ou as Bandeirantes. Não se esqueçam dos Escoteiros independentes. E finalmente aos jovens da UEB. Eles não se importam de onde são, pois assim como todos tiveram um dia a ventura de acordar em uma montanha, ou em uma campina e verem o nascer do sol. Eles puderam ver à tardinha em um acampamento a fome chegando a fumaça da lenha queimando no fogão o olhar faminto, mas contente de um dia que se foi. Isto meus amigos não é privilegio de ninguém. É de todos que abraçaram os ensinamentos de Baden Powell.

                 Francamente eu não entendo apesar de que querem ter muitas explicações o porquê desta animosidade por aqueles que abraçaram a causa Escoteira em outra organização ou se consideram independentes. Caramba! Afinal não dizem que somos todos irmãos? Que adianta dizer que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Meu passado Escoteiro desconhecia tais atitudes e hoje estou vendo uma luta surda que nunca presenciei na minha vida escoteira. A luta é de um só lado, da UEB. Os demais vão Badeniano e escoteirando por este país. Se antes éramos um só, em volta de uma organização que nos preenchia tudo que esperávamos do escotismo e hoje outros escolheram outro caminho, mas sempre sob a égide de BP? Nunca naqueles belos tempos fizemos registro, e ninguém se importava se existíamos. Infelizmente nossa associação também é sujeita a erros, não é onipotente e insiste no caminho de ser a dona da verdade. Se alguns quiseram abraçar e fazer outra escolha, outra associação é um direito deles. Se eles estão fazendo o escotismo conforme nossa Lei e Promessa deixarão de serem nossos irmãos?

                 Convidem todos os jovens de todas as organizações e associações Escoteiras do Brasil e os coloquem em um grande acampamento e verão como são irmãos. Verão como irão sorrir e se abraçar mutuamente. Não ficarão lá dizendo que minha organização é melhor que a sua. Que eu sou o dono de tudo e você não. Que eles são Escoteiros e os outros não. Que eu sou certo e você errado. Que vocês fazem isto e aquilo. Esta bela juventude Escoteira de ontem e hoje são puros nas suas maneiras, nas suas palavras e nas suas ações. Quem fica implicando e batendo no peito que eu estou no lugar certo e vocês no lugar errado são os adultos. Não todos adultos, pois em todas estas organizações tem chefes escoteiros maravilhosos.

                 Se um dia pudessem mais de perto ver aquele Chefe Escoteiro, seja em que organização for, lutando pela formação dos jovens, dentro dos padrões e métodos escoteiros iriam ver quanta beleza existe no coração de cada um. Seja homem ou mulher que orgulhosamente vestem seu uniforme. Quando eles sacrificam suas horas de lazer, quando sacrificam seu trabalho profissional, quando eles deixam de dar a alguém próximo de sua família para doar seu amor ao escotismo, existem diferenças entre uma e outra organização? Afinal temos ou não o direito de escolha? Eles escolheram seu caminho, agora continuam fazendo escotismo e nossa obrigação é aplaudir. Continuamos sendo irmãos escoteiros. O futuro daqueles meninos que um dia vestiram um uniforme, que fizeram uma promessa, correu pelas campinas em busca de aventuras nunca serão diferentes dos demais.

                Acho que devemos pensar um pouco. Quem se acha dono dos seus direitos esquece que o direito de um termina onde começa o do outro. Dizer que o distintivo é meu que os termos Escoteiros são meus dá a impressão de exclusividade. Não li em lugar nenhum que BP deu preferencia a alguém. Parodiando Paulo Miranda, ele diz que somente com a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação; respeito à cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado democrático de direito, é que podemos pensar em transformar regimes de força, em regimes de direito. Diderot também dizia que existe apenas um dever, sermos felizes!

                A UEB não é onipotente. Não tem o direito de cercear através de uma maciça lavagem cerebral de muitos chefes, esta luta contra as outras organizações que fazem o escotismo. Ela deveria olhar melhor para dentro de sí.  Deveria ter como exemplo o respeito, a boa convivência e o amor que existem em muitos países europeus. Lá como aqui também tem aqueles que resolveram escolher outro caminho, mas como mesmo objetivo da chegada – Formar bons cidadãos com o nobre princípio da Lei e da Promessa originária de Baden-Powell. Sei que minhas palavras podem não ser entendidas por muitos. Mas está crescendo esta luta. Antes que ela se transforme em uma bola de neve, devíamos pensar melhor e aceitar a todos como irmãos escoteiros. Não importa onde estão! Uma vez comentei aqui em um artigo que me senti pressionado várias vezes a acatar ideias que não eram de meu agrado. Poderia ter saído do escotismo como fizeram e estão fazendo hoje milhares de escotistas e até jovens insatisfeitos com o que estão vendo e sentido nos seus superiores hierárquicos. Sou da UEB mesmo sem registro. Mas não aceito sua maneira autocrática e muitas vezes ditatorial.

                  Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Tiro meu chapéu para todos os chefes e as chefes que lutam por um escotismo melhor. Que ele seja de qualquer associação Escoteira no Brasil e no mundo. Sei que palavras nem sempre dão os resultados que esperamos. Dizem que elas são levadas pelo vento e nunca mais voltam. Mas vendo aquele Chefe ou aquela Chefe sorrindo junto aos seus meninos e meninas, se sacrificando, dando tudo de sí para a juventude, me levanto e grito bem alto: - Aplausos gente! Grande Palma Escoteira para eles. Se forem da AEBP, da FET, Desbravadores, Escoteiros Cristãos,  Florestais e ou independentes não importa. Nesta hora estão fazendo escotismo e muitas vezes com o sacrifício pessoal que merece nosso abraço e o nosso Sempre Alerta!   


                  E para terminar eu digo aos meus amigos e amigas: - Eu não quero saber se o Pedro chama João ou se o Antonio se chama Joaquim. Os motivos de cada um não importa. Importa sim o bom escotismo que fazem. Sinto-me orgulhoso em ter amigos em todos eles. Amo o escotismo. E vejo nele uma maneira de se alcançar a felicidade plena. Pobre daqueles que se julgam dono de tudo. Pobre daquele que alardeia o sexto artigo da lei, mas não tem princípios fraternos. Que o caminho que vão seguir dentro dos princípios de BP é o que importa. Palmas Escoteiras para os que lutam em fazer de nossa juventude homens e mulheres de bem!               

segunda-feira, 23 de março de 2015

Qual líder eu devo ser ou seguir?



Conversa ao pé do fogo.
Qual líder eu devo ser ou seguir?

               Uma vez li que não se nasce líder, mas que bem treinado podemos aprender e até agir como um líder. Se bem treinado se torna um hábito de comportamento. Sei que se levam anos para preparar um líder. Mas existem aqueles que são natos. Eles têm o dom da palavra, da escrita e quando discursam levam consigo multidões que acreditam em suas ideias. Afinal ser um líder não é fácil. Sei que nem todos precisam ser bons lideres para serem bons chefes. Eu conheci muitos que se saiam estupendamente bem nas suas funções. Gente simples, humilde cheio de amor para dar. Sei de chefes de lobinhos que formaram jovens e hoje se orgulham de seu trabalho. Sei de chefes Escoteiros e seniores que conduziam seus rapazes e moças como sempre pensou Baden-Powell ao criar as bases do escotismo. Eu sei que o que estraga o escotismo é o tal chefão. Aquele que só ele faz, só ele sabe. Esqueceu que ali estão meninos e meninas que precisam dele não para ensinar a andar, mas ficar ao seu lado enquanto aprendem a andar. Estes chefões estão localizados em toda a hierarquia Escoteira.

                    Muitos já falaram e escreveram sobre este tema. Austeridade a gente deve ter, mas o sorriso tem de vir em dobro. Tornar-se amigo, um irmão mais Velho nem sempre é fácil quando ainda não sabemos lidar com os jovens e mesmo tendo filhos achamos que aqueles que orientamos também são iguais aos nossos. Devemos lembrar que não somos uma fábrica de Escoteiros padrões. Não devemos fazer deles nosso espelho, pois nem sempre ele é o que se deseja. O que devemos fazer é progredir junto com eles. Reclamar que eles não querem que eles fingem gostar, mas não gostam que dizem e prometem que irão participar com vontade e alegria nós sabemos que a culpa é de um somente. – A culpa é nossa. Nós os chefes. Ninguém precisa de super Escoteiros. Precisamos formar caráter e homens honrados. Ensiná-los a achar o seu caminho para o sucesso na sua vida de adulto.

                 Temos tudo para alcançar o sucesso na formação dos jovens. Ainda existem em nosso meio boa parte que acreditam na centralização Escoteira. Acampamentos Nacionais, Regionais, Jamborees  e atividades em seu município são muito bons, mas quando muito frequentes são desastrosos. Temos que dar aos chefes Escoteiros e de Alcateia a maior oportunidade possível para trabalhar com sua tropa e Alcateia. Devemos deixar que eles possam infundir-lhes os bons princípios e não juntar os rapazes e moças em grandes massas para um grande espetáculo. É comum termos um número de atividades organizadas pelo distrito região ou mesmo a nacional que tira sem perceber o resto do tempo para o Chefe trabalhar com suas patrulhas e alcatéias.    

                   Baden-Powell nos deixou um método simples, e ele mesmo proclamava com orgulho e alegria que o número de Escoteiros no mundo que a cada ano aumentava foi devido justamente a sua simplicidade e ao prazer dos rapazes em participar. Não nos enganemos que sabemos o que é bom para eles. Podemos sim ter noções de civilidade e formação de jovens, mas o escotismo não pode fugir do seu método e podemos até adaptar a nova realidade moderna do mundo, mas sem tocar no seu principal – Fazer com que os rapazes e moças seguirem com entusiasmo e para isto nós temos que aprender a manejar e guiar os rapazes dentro da simplicidade que caracteriza o movimento Escoteiro e no entusiasmo que ele sempre inspirou. Não esqueçamos que nos primórdios do escotismo os jovens se organizavam, faziam seus acampamentos, e atividades nas florestas londrinas. E sem Chefe!

                 Infelizmente estamos sempre dizendo que sabemos onde pisamos. Não canso de ver chefes e dirigentes a dizerem que sabem o que os jovens querem. Muitos estão a decidir por ele sem ouvi-lo, sem saber se este é o caminho que ele escolheu. As mudanças havidas, as alterações e estas mesmo não dando os resultados esperados continuam. Aquela velha premissa que o importante são os resultados não está sendo observada por muitos. A cada dia estamos vendo os rapazes e moças se afastarem do movimento. Nossos lideres estão a liderar um deserto de deserções. Deviam lembrar-se da lei do lobinho onde se diz que devemos abrir os olhos e os ouvidos. Precisamos dar uma volta ao passado não para viver no presente como era antes. Mas através do tempo saber onde estamos errando. Se aquele escotismo do campo, das boas ações, da patrulhas e matilhas completas a correr pelos campos em busca de aventuras e da amizade entre eles e os chefes deram certo, porque não repetir?

                     Repetir o Velho chavão daquele Chefe de campo talvez não resolve. Ainda temos uma austeridade demasiada no trato com os jovens. Queremos nos fazer como um movimento respeitável, mas procuramos rapazes e moças de boa índole sem ver que isto se consegue no programa Escoteiro. Um líder do passado disse e eu concordo que os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Quando nos tornamos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então – e apenas com essas coisas poderemos arruinar o Movimento Escoteiro. Não adianta fingir que estamos no caminho certo. Podemos até chegar aos cem mil e quem sabe nos duzentos mil, mas não estamos produzindo bons Escoteiros, com boas lembranças para quando se tornarem homens ou mulheres na comunidade ou no seu trabalho profissional pelo menos dizerem: Eu fui Escoteiro, me orgulho do que aprendi ali com eles. E então e só então teremos o valor que merecemos pela sociedade brasileira.

               Nunca esqueçamos que o escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoram deste então, e se por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, é deles o escotismo que BP idealizou. São eles que realmente necessitam do escotismo. Não é o que estamos vendo agora. Esta mentalidade de ser rico para fazer escotismo pode nos levar a um caminho sem volta. Será que é isto mesmo que estamos fazendo e pensando?


Obs. Muitos dos temas aqui colocados são baseados no artigo de   
John Thurman – Os sete perigos de agosto de 1957 (Foi o chefe de campo de Giwell Park).

terça-feira, 17 de março de 2015

O trabuco do pistoleiro Calango. (para divertir)



Conversa ao pé do fogo.
O trabuco do pistoleiro Calango.
(para divertir)

                 Não sei de onde o danado apareceu. Sorriu para mim com seu 45 cano longo apontado para minha testa. Eu sabia que seu sorriso era enganação. Calango era um pistoleiro. Matava por qualquer tostão. Mas me matar? Eu não fiz nada, era de boa paz, sei que tinha a língua grande e afiada e escrevia o que não devia dos “homes” lá de cima, assim diziam, mas não queria mal a ninguém. Levantei as mãos! – Calango porque quer me matar? Sou de paz meu amigo, sou Escoteiro, agora um Velho Escoteiro, dizem que sou chato e implicante, mas não me mate agora. Deixe pelo menos eu dar um abraço na Célia antes que me mande para minha última morada nas estrelas! - Cale a boca seu merda! Você fala muito, escreve o que não deve, ele disse. Chega desta palhaçada de escrever contra a nossa querida UEB. Vou mandar você para o inferno e lá irá prestar contas de sua esperteza ao capeta. Diga a ele o que aprontou aqui na terra. Quer uma bala no bucho? No trazeiro? Na boca? Ou no coração? – Deus do céu que me proteja. – Calango, não quero bala nenhuma a não ser de hortelã ou puxa-puxa de chocolate que adoro!

                Calango estava possesso. Foi menino como eu. Nunca usou arma nenhuma e quando brigava era de socos. Um dia tentou ser Escoteiro e Galo Seco Guia da Tropa falou para o Chefe Farofa: - Melhor não chefe, este menino vai ser um ladrão ordinário e nem Baden-Powell pode dar jeito. O Chefe Farofa sabia que quando Galo Seco falava era para levar a sério. Sei não, quem sabe se ele tivesse sido Escoteiro eu não estaria ali agora todo mijado e quase borrando as calças? Calango prometeu dar uma coça no Galo Seco. Não conseguiu, pois Galo Seco era macho prá xuxu. Quem levou uma coça foi Calango. Calango descontou em muitos Escoteiros raquíticos eu mesmo apanhei duas vezes. Passamos a andar sempre em dupla. Não podíamos facilitar. O tempo passou, eu cresci, fiquei bobo e envelheci. Mal conseguia andar e falar e o filho da mãe ali na minha frente dizendo que ia me matar pode?

                          Ajoelhei e disse – Calango me deixa rezar. Quero ir para o céu sorrindo e em paz com o Senhor. Orar faz bem, por favor, Calango! – Ele me olhou, seus olhos estavam vermelhos de ódio. Achei que o demônio o incorporou. – Me jogou uma sacola – O que tem na sacola Calango? A vestimenta Escoteira seu maldito. Vista e vou deixar você viver mais alguns anos. – Putz grila! Vestir aquele troço? – Calango camisa para fora da calça ou dentro? Ele me fuzilou com os olhos. De meinha branca ou azul? Ele vomitou de raiva.  Calça comprida ou curta? Ele apontou o trabuco para mim. Lenço amarrado nas pontas ou puxado pelo arganéu? Chapéu australiano ou texano? Vá a merda ele gritou. Vista logo antes que lhe meta uma bala naquele lugar! – Bah! Ia doer prá xuxu. Calango! Falei atire nos meus olhos! Estou com catarata se uma bala entrar virarei defunto com barata. Kkkk. Levei um chute no traseiro. – Vista logo seu merdinha. A UEB me disse que se eu mandar uma foto sua com a vestimenta e publicar nas redes sociais, eu posso deixar você viver mais dois anos. – Só dois anos Calango? E agradeça a benevolência dos presidentes do CAN e do DEN, são gente boa. Não regatearam quando pedi cem mil reais para mandar você para o inferno. Olhe que eles gastam muito menos para processar esta cambada tradicionalista que se juntam por aí e que dizem ser Escoteiros!

                  Olhei a vestimenta. Ardeu como pimenta! Vestir este troço? Não disse um dia que nem morto iria usar? Tirar meu caquezinho querido e colocar esta coisa escura no corpo? Coisa feia que até o lenço Escoteiro e os distintivos reclamam? – Olhei para Calango, tirei meu lenço de IM que ganhei em 1966, minha camisa caqui e só de calças curtas e meião disse: - Atire seu merda! Prefiro morrer a vestir este troço! Calango não se fez de rogado. Engatilhou e atirou. Tiro certeiro. Abriu uma brecha em minha testa. Morri na hora com meu caqui querido. Acordei com o Anjo Gabriel e Baden-Powell lutando com dois capetas e um demônio. Queriam me levar para o céu e os outros para o inferno. – Calma! Calma eu disse. Se a capetada e o demônio vestir a vestimenta Escoteira irei com eles sem reclamar e me queimar nas profundezas do inferno! O Demônio e a capetada me olharam sorriram e disseram: - Nem morto, nem morto Velho Escoteiro de uma figa!


                    Acordei aos berros com a Celia me chamando. Acorde Osvaldo, acorde! Pare de gritar. – Perguntei a ela: - Cadê o Calango? Calango? Não conheço e nunca ouvi falar. Ele existe? Sorri, a respiração voltou ao normal. Corri até o Guarda Roupa, meu caqui estava lá limpinho e bem passado. Vesti com orgulho e fui dormir de novo, desta vez uniformizado e abraçado ao meu chapéu de três bicos. Sonhei com coqueiros, montanhas picos enormes, vales inimagináveis e minha patrulha ao meu lado cantando o Rataplã!    

sexta-feira, 13 de março de 2015

Era uma vez... Um pronto socorro Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Era uma vez... Um pronto socorro Escoteiro.

                 - Chefe! Vou sair do movimento. Está chato demais as reuniões de tropa! – Chefe! Sou Guia, minha patrulha é machista e não me aceita, falei com o meu Chefe que é homem e ele não sabe como resolver! – Chefe! Minha patrulha só tem três comigo. Como fazer jogos ou atividades de campo só com os três? Chefe! Minha Alcateia só tem onze lobos. Só três lobinhas. Tento tudo e não consigo aumentar! – Chefe! Fiz cursos de lobos e olhe, ainda não entendi bem a mística da Jângal! Chefe! Aqui no grupo só tem eu e minha mulher na chefia, não consigo ninguém para ajudar! – Chefe! O Diretor Técnico colocou todos na sala e disse da mudança de uniforme. Disse para votarmos, mas ele falou que iria ficar com a vestimenta! Chefe! Vemos muitos chefes fazendo belos artigos sobre atividades aventureiras, onde aprendo isto? Chefe! Quero um curso para me reciclar, existe no Brasil um curso daqueles que dizem para voltar a Gilwell? Chefe! Chefe! Todos os dias alguém me chama de Chefe e em e-mails ou em minha página no bate papo sempre tem alguém batendo na minha porta.

                 Eu tento responder a todos eles mesmo sabendo que nem sempre tenho a resposta para todos. Infelizmente meus 66 anos de movimento não me deram todas as respostas que queira ter. Bom seria alguém presente para mostrar onde está o erro. Erro? Tem mesmo? Afinal não tem cursos para Assessor Pessoal? Não tem cursos para de Dirigentes Institucionais usados pelos formadores? Não tem cursos preliminares? Não tem cursos para aprender tudo que a UEB faz? Já vi até um sobre Disciplina Nacional, outro sobre Métodos Educativos e tantos outros que me esqueço agora. Não vou discutir, pois sei que tem uma enormidade de cursos. Porque todos os chefes não o fazem e aprendem? São caros? Meu amigo olha o que disse um dirigente da UEB:  Não existe almoço grátis! Mas o que você quer? Um curso de reciclagem? Um curso para lhe dar boas noções de programas? Acho que deve ter um curso só de programas não? Falta-lhe jogos? Este também tem curso técnico de jogos. Não tem? Bem faça então um Curso de Técnicas Escoteiras e vai ajudar muito você. Não tem? Então faça um curso de Programando o programa. Não tem? Melhor procurar um Curso completo de sistema de patrulhas. Ele sim vai lhe dar um caminho a seguir. Não tem?

                    Que diabos é isso? Só tem curso avançado, preliminar, cursos para formadores (vi uma foto outro dia que em um estado brasileiro eles fizeram um seminário, na foto calculei mais de 200 participantes. Todos sorrindo, se sentindo bem na corte. Ora, vai ter formador assim lá nas conchichinas). Será que nos cursos não tem tempo para discutirem os problemas das tropas e alcateias? – Chefe! Hoje em dia o Sistema de Patrulhas nem é cobrado quando fazemos o questionário da IM. Bolas, melhor então procurar seu distrital. Ele vai saber como agir. – Chefe! Nosso distrital mal visita os grupos. Ele não tem tempo e reclama de não ter dinheiro ou reembolso de gasolina para visitar os grupos! Ainda bem que moro em um estado de elite. Aqui não tem nada disto. Não tem? Firula Chefe, firula. Vá viajar pelo interior, vais encontrar dezenas de grupos com menos de doze lobos, menos de doze Escoteiros e eles são divididos em três ou quatro patrulhas!

                   Até aí tudo bem. Tudo anda as mil maravilhas. Tem muitos escotistas ligados a direção que sempre tem em mãos a solução para o problema. – O Chefe precisa fazer cursos, o Chefe precisa ter uma boa literatura Escoteira em casa. O Chefe precisa aprender com os grupos bem formados. O Chefe, o Chefe! Coitado do Chefe o que ele faz ali? Porque ninguém diz o que os lideres precisam fazer? Porque ninguém diz para eles procurem juntos aqueles mais humildes como resolver? Que liderança é esta que só sabe baixar normas, cobrar altos preços por uma atividade ou curso? Que liderança é esta que sabe pensar em nome de todos, liderança que determina que muda programas, que faz e desfaz do que existe ou existiu? Porque esta liderança não vai à casa de Noka, conversar com ele e ver o que ele precisa? Tem cursos de aconselhamento? Um grande Chefe que todos chamam de Velho Lobo sempre tem as respostas na mão. Ele sabe como deve ser, pois pertence ao um Grupo Escoteiro de Elite. Converse com ele e sairás maravilhado com suas explanações. Mas e daí? Ele é gente fina, sabe o que os chefes precisam, mas nunca comenta o que os lideres devem fazer.

                      Os meninos e meninas que reclamam comigo eu sei que ficarão pouco tempo. Eles sabem que ali não dá mais. Culpa do Chefe? Não culpa dos dirigentes que não deram a ele oportunidade de aprender a fazer fazendo. Não deram para ele condições para participar de cursos. Deram sim uma cantina, aonde ali o $ (cifrão) do real vem em primeiro lugar. E meu amigo, você tem culpa sim. Você aceita tudo de mão beijada. Não diz para os grandões que você precisa de ajuda. Você se esconde na sua própria sombra, não procura lutar pelos seus direitos. Quando concorda comigo ou outro Chefe amigo se cala. Tem medo? De quem? Dos politicamente corretos? Diga-me, por favor, é o escotismo quem precisa de você ou é você quem precisa do escotismo? Perder o emprego vá lá, mas perder a oportunidade de lutar pelos seus direitos não faz parte de um verdadeiro Chefe Escoteiro. Desculpe-me!

                     Não fique chateado comigo. Eu gosto de você. Eu o defendo em todos os lugares aonde vou. Sinto-me bem em um grupo pequeno, fraterno, simples onde os sorrisos não tem falsidade. Portanto é hora de você lutar pelos seus direitos. Não acredite na falácia que dizem que tudo se resolve em uma Assembleia. Conversa para boi dormir. Sei que uma andorinha só não faz verão, mas precisamos lutar pelos nossos direitos. Lutar por uma transparência Escoteira que até hoje não houve. Lutar para poder sugerir e discutir planos que não são seus. Lutar pelos seus direitos de votar e ser votado. Diga isto para todos os chefões. Não tenha medo. Eles poderão sorrir azedo, fazer admoestações, dizer que você poderá ser excluído do movimento. Mas pense bem, me diga quem põe a comida em sua mesa? Quem paga suas contas? Quem educada seus filhos? Quem levanta cedo e volta à tarde do trabalho correndo para sobreviver?


                         Pois é. Olhe para dentro de sí. Você aos sábados fica a disposição do escotismo. Ao seu modo tenta tudo para fazer as crianças felizes. Tem alguém da direção lá com você? Tem alguém dizendo que veio para ajudar? Tem alguém que se preocupa com as finanças do Grupo? Tem alguém que diz que vai presentear você com uma linda biblioteca Escoteira? Tem alguém a dizer que agora irão cobrar uma taxa simbólica para seus jovens participarem de uma atividade regional ou nacional? E finalmente você recebeu algum elogio deles ultimamente? Nem uma medalhazinha?

quarta-feira, 11 de março de 2015

Aos amigos e amigas que gostam dos meus contos e histórias e artigos escoteiros.


Aos amigos e amigas que gostam dos meus contos e histórias e artigos escoteiros.

Muitos ou pelo menos boa parte já conhecem ou já receberam meus escritos Escoteiros. São livros contando histórias Escoteiras (cinco volumes) Condensado das Maravilhosas histórias Escoteiras (cinco volumes) e diversos outros  cujo intuito além de divertir também ajuda na lide Escoteira do dia a dia no Grupo Escoteiro. Estou sempre pronto a enviar conforme pedidos desde que atendam as minhas observações, que são as de dizer os títulos, (máximo de dois ou três por vez). Os que quiserem podem fazer os pedidos não se esquecendo dos títulos e quantidades diárias. Alguns me pedem livros como se eu os tivesse impressos. Não estão. Um Velho pobre Escoteiro como eu não tem condições de arcar com despesas de impressão e nem as correções necessárias. Já tentei em algumas editoras e todas que sempre querem receber um adiantamento. As outras que dizem ser gratuitas não são. Por isto tudo que escrevi está em PDF. Gratuito e sei de muitos que copiam e fazem seus condensados.  
Se interessar é só fazer o pedido conforme expliquei acima. Por favor, sem esta de mande tudo que tem. Um Velho Escoteiro é Cortez, educado, gosta de ajudar, mas isto é demais não? Risos.
Aguardo seu e-mail pedindo a lista de todos eles. Escrevam para elioso@terra.com.br e receberão a lista de todos.

Abraços fraternos. 

terça-feira, 10 de março de 2015

A modernidade não tem preço.


Conversa ao pé do fogo.
A modernidade não tem preço.

       Como dizia o Cantor Cazuza, o tempo não para. Não para mesmo. A cada dia somos surpreendidos por uma nova técnica, uma nova ferramenta, uma máquina qualquer para nos levar a mundo de sonhos. Fico a pensar se posso acompanhar tudo isto, pois sei que o mundo corre vertiginosamente em busca de si mesmo. Será verdade? Nós os mais velhos que vimos outras gerações ficamos estupefatos. São fatos estupendos acontecendo a cada momento. A gente se sente sem ação, estamos vendo algum que não tem como impedir e será que vale a pena proibir? Albert Einstein comentou um dia que o homem erudito é um descobridor de fatos que já existem, – mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir. Belas palavras principalmente valores. O significado da palavra valores podem significar merecimento, talento, reputação, coragem e valentia. Assim podemos afirmar que valores morais afetam a conduta das pessoas. Isto quem sabe poderia ser regra e não exceção para uma convivência saudável dentro de uma sociedade.

          Nós os antigos estamos atônitos. Agora aparecem valores que nos assustam. Impossível hoje aceitar tantas mudanças que dizem ser produto da modernidade. A juventude corre em passo célere atrás desta modernidade. Seus valores hoje são outros. Estamos assistindo pela TV um escritor que tem suas ideias e acha que o mundo é outro, nos joga em nossa sala situações que nós antigos assustamos. Os jovens não. Compram aquelas ideias como se fossem reais que estão vivendo. E não se rebelam com os pais. A mulher que fica com vários, o homem que trai e chega a ponto de trocar de mulher quando é descoberto em um motel. No passado se via um filme onde se proibia a presença de menores e lembro-me de um que não consegui assistir. E Deus criou a mulher com Brigitte Bardot ou então O último tango em Paris com Marlon Brando. Ficávamos em frente ao cinema olhando as poucas fotos exposta e vendo os privilegiados que entravam.

        Hoje só se vê o bandido que matou. O menor que tirou a vida de um pai trabalhador. O jovem que matou sua família. São tantos que é difícil enumerar. Mas faz parte da modernidade. Lembro na minha cidade onde o Delegado colocava em fila na rua os prisioneiros e os obrigavam a gritar seus crimes – Roubei galinha! Dei uma surra na minha mulher! Matei o bode do compadre Mateus! A gente ficava horrorizado com estes crimes horrendos. Depois o delegado soltava com juras de nunca mais fazer aqui. Ainda jovem lia que na Suécia se podia dormir no quarto da namorada. Hoje prefiro nem falar. Para muitos isto é normal. Mas conheço um número enorme de pais que não aceitam. O moderno hoje será passado amanhã. Eu sei disto. 

          Lembro-me de um artigo que escrevi um dia quando li um pequeno livro de Baden-Powell em 1938: - Hoje a instrução está enfrentando novas dificuldades. Um instinto de distração sempre mais forte, os efeitos perniciosos dos jornais em busca do sensacional, os filmes pornográficos e o fácil caminho para os prazeres sexuais e pôr fim à paixão do jogo. Com o moderno crescimento das cidades, fabricas rodovias e linhas telefônicas, e de tudo aquilo que chamamos “civilização” a natureza é mais afastada ainda das pessoas. Suas belezas e seus milagres se tornam estranhos as nossas afinidades pessoais com a criação divina e se perdem na vida materialista das multidões, com suas deprimentes condições entre as espantosas construções erguidas pelo homem. A natureza vem sendo expulsa para fora da nossa vida e é substituída pela artificial e graças à bicicleta, ao carro, ao elevador, as nossas pernas acabarão pôr atrofiarem-se pôr falta de exercícios e os nossos filhos terão cérebros maiores, mas sem músculos.

             Realmente é difícil acompanhar. Tradições do passado são jogadas as traças. A liberdade é tanta que padrões que tínhamos acabaram. Horário para dormir, horário para sentar a mesa com toda a família reunida, horário para as obrigações religiosas e claro horário para estudar e ir a escola. Os crimes, as desobediências, a liberdade de ação do jovem hoje sempre tem uma explicação pelos pedagogos e psicólogos. No escotismo não é diferente. Tudo está mudado. Dizem que é para melhor. Deve ser. As tropas estão completas, o sistema de patrulha é um primor. Os monitores nunca estiveram tão bem formados. E as alcateias? A maioria cheia. As vagas aumentam dia a dia. Cada grupo tem uma lista de espera enorme. Os jovens do movimento hoje vibram com seus programas. Verdade isso que escrevi? Eu fico a me perguntar se isto é real. Um alto dirigente foi franco comigo que temos que mudar, não podemos perder o bonde da história. Concordei com ele é claro. Mas que bonde este do meu amigo. Ele anda como se fosse um trem bala e não um bonde. Vai depressa ademais. Se está no caminho certo só o futuro irá dizer.

          Não acho certo ficar alardeando o passado. Acho certo sim que ele fosse mais respeitado. Havia coisas interessantes que juntas ao escotismo moderno como querem dizer seria muito importante para toda a nação escoteira. Mudaram muito e ainda vão mudar. Muitos não estarão aqui para ver se o seu trabalho teve êxito. Chorar o leite derramado é ir contra o vento que não para e devemos seguir para não ficarmos como atrasados. Pena que nesta mudança, nesta modernidade que muitos querem acompanhar não esteja presente à democracia que cresceu com a participação de todos. Nosso movimento, uma organização sem similar na formação de jovens ainda está em pé na estação esperando os dirigentes convidarem para também subirem no vagão da jornada que os levará ao sucesso absoluto. Ainda é um vagão de poucos.

       Nem tudo que BP disse no passado pode ser aplicado no presente. Seu sonho, de unir por uma lei, por uma promessa, por um método jovem de todas as partes do mundo, tentando fazer com que esta fraternidade seja feita de paz e felicidade não sei se irá prevalecer para sempre. Suas palavras mesmo de décadas atrás não podem ser esquecidas. Que os nossos dirigentes tão ciosos nas mudanças se lembrem disto quando passarem muitos anos e se tudo que fizeram terão os resultados esperados. A história do escotismo no Brasil irá julgá-los.            


- “É somente pelo resultado e não pelo método que se julga a instrução”. Até alguns anos atrás, estes resultados eram de homens e mulheres de boa conduta, disciplinados, gente boa como se fosse soldados em parada militar, porém, sem personalidade nem força de caráter e totalmente provados de espírito de iniciativa ou de aventura e incapazes de se “virarem” BP.

domingo, 8 de março de 2015

Temos transparência no escotismo?


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Temos transparência no escotismo?

                Alguns dizem que sim outros que não. Pensando bem acho que não temos. Porque digo isto? Vi um artigo na Internet que dizia: A transparência é a virtude que impede à ocultação de alguma vantagem pessoal, a ocultação de alguma fraqueza pessoal, a ocultação de alguma miséria pessoal. A transparência revela tanto o que a pessoa ou a organização é com o que ela tem e atua. A verdadeira transparência não exagera, não inventa vantagens e nem desvantagens. É um dos mais válidos recursos de prevenção contra o pecado. Sabe por quê? Porque a transparência obriga a pessoa ou a organização a se conhecer e tomar os devidos cuidados. Pode-se afirmar que pela transparência a pessoa ou organização nunca tem duas caras. E o que isto tem a ver com a União dos Escoteiros do Brasil? Muito. Ela não abre o jogo com seus associados. Ela muitas vezes exige e finge dar em troca sempre a troco de vantagens financeiras ou pessoais.

                  Vejam os acontecimentos da nova vestimenta Escoteira. Nunca ela foi transparente. Ficou um jogo de adivinhar o que seria como seria e quais os resultados que se esperavam. Como se ela a UEB fosse uma grande organização de marketing ela transformou a apresentação de um uniforme que resolveu chamar de vestimenta numa reedição da SPFM – São Paulo Fashion Week, como se nós membros da Associação fossemos meros clientes e não participantes, ou melhor, associados ativos do Movimento Escoteiro Nacional. Foi um espetáculo de fazer inveja. Claro houve aplausos e até hoje ela tenta explicar que existiu consultas, existiu transparência, existiu pedidos de sugestões. No entanto com exceção da capital de São Paulo, onde míseros vinte ou quarenta associados mais bem aquinhoados com o poder tomaram conhecimento, não se soube de nenhum outro estado que foi consultado ou mesmo informado como seria a nova vestimenta Escoteira.

                       Este uniforme ou como queiram chamá-lo de vestimenta já é fato consumado. Perda de tempo continuar neste tema. Mas pensem com carinho em tudo que acontece na liderança da UEB. Os programas, as normas, as alterações de distintivos ou criação nunca passa pelo crivo dos associados e olhem eles são os mais interessados. Nota-se que teremos este ano uma possibilidade de discutir, sugerir e até mesmo alterar os Estatutos da União dos Escoteiros do Brasil. Mas sinceramente, você acredita nisto? Se aqueles que estão no poder, não querem perder de forma alguma seu cargo e sempre de uma maneira ou de outra lá estão, irão mudar a essência dos estatutos? Além do mais porque este tema tão importante não foi levado há tempos às unidades locais, pois são elas as mais interessadas? Vejam bem uns dizem que é melhor não politizar chefes e eles devem se preocupar só com os jovens. Outros dizem que é impossível conhecer as ideias de todos, e que levaria anos para se chegar a um consenso. Mas então, e daí? Que leve o tempo que for necessário, mas todos devem ter o direito de sugerir, discutir opinar e votar!

                       Porque existe uma preocupação da UEB em conseguir tantos meios financeiros e para isto ela maneja com maestria tudo que lhe cai em mãos? Veja a vestimenta. Até hoje só uma empresa é detentora dos direitos de confecção. Dizem e não afirmo que existe um alto membro da associação envolvido nesta empresa. Agora eu pergunto: - Quem não gostaria de ter mais de 85.000 clientes cativos? Quantas empresas não dariam tudo para participar e com isto tornar mais acessível para aquele que vai comprar? Eu pergunto ainda, porque fizeram mais de 16 tipos a escolher? Será que não pensaram na confusão, desordem ou barafunda que iria ser feito por cada membro da associação? Quem sabe isto foi premeditado para aqueles que podem comprar mais de um tipo? O que se vê, no entanto é o deslumbramento dos associados, alguns mudando por imposição do seu líder no Grupo Escoteiro. Existem outros fazendo um marketing direto usando a vestimenta que ainda nem foi votada nas suas reuniões, e a pobreza em dizer que o direito da escolha são de todos, me faz lembrar-se da velha dita de um humorista: - Me engana que eu gosto!

                      Poderia entrar nos altos preços de cada peça, ou então naqueles cobrados em todas as atividades programadas pela UEB. Os Jamborees estão sendo realizados para ricos. Já disse e repito pobres no escotismo estão fadados a desaparecer (se já não desapareceram). As taxas são altíssimas, isto sem contar outros gastos como transporte e alimentação de ida e volta. Dá-me pena aqueles que me dizem que cada Chefe pode e deve trabalhar para levar seus Escoteiros. Sempre defendendo os poderosos.  E a UEB o que fez para tornar mais factível a participação da maioria que queria ir e não foi?  Até hoje não sei onde e como foi publicado o balancete do Jamboree no Rio de Janeiro. Tantas empresas envolvidas que penso ter dado um enorme superávit. Mas quem tomou conhecimento? Vamos aguardar informações do último realizado no Rio Grande do Norte. Quando a UEB e as Regiões irão reconhecer que elas existem para ajudar no crescimento e na formação dos seus associados? Quantas até hoje estão lutando para conseguir meios financeiros para baratear os cursos, os encontros regionais, a venda dos distintivos e uniformes nas cantinas? Tudo que se faz hoje é taxa daqui, taxa dali, e vem aquele a me dizer com a cara que Deus lhe deu que não “existe almoço grátis”.

                         Pode até ser que não, mas quem deveria pagar este almoço deveria ser os bons programas de arrecadação financeiras, com bons profissionais Escoteiros atuando juntos a empresários, governos e até mesmo os políticos que só servem para dizer que os temos, mas quem acredita? Não me venham dizer que somos apolíticos, as ultimas eleições demonstraram o contrário. Uma ONG consegue tudo e o escotismo não consegue nada? Alias consegue sim à custa dos seus associados. Antes de terminar eu soube por fonte fidedigna que a Região de São Paulo conseguiu ótimos patrocínios para a Assembleia Nacional a se realizar em São Bernardo do campo. Pensando em ter um grande número de associados presentes, iria cobrar uma taxa irrisória. E daí? Bem a fonte me disse que a UEB achou que não deviam. Eles precisavam ter suas despesas de viagens, hotéis entre outros pagos pela região e a não ser que ela arcasse com a despesa que cobrasse o valor devido. Pois é, ainda pergunto, tem transparência?