sexta-feira, 12 de junho de 2015

Conversa ao pé do fogo. Existem vaidades no escotismo?


Conversa ao pé do fogo.
Existem vaidades no escotismo?

                        Se você perguntar irão jurar de “pé junto” que no escotismo não tem. Quando me dizem isto abaixo a cabeça e dou uma risadinha sem graça.  “Minino”! Não ria alto. Será mal interpretado. Pode ser que eles chamam por outros nomes, mas é um festival de vaidades e altos egos na nossa associação Escoteira. Sei que existe em todo lugar. Mas aqui isto seria admissível? Conheci alguns que para falar aos demais irmãos Escoteiros faziam trejeitos, voz pastosa ou cavernosa, peito inflado, firmando-se nos dois pés, cabeça alta e usando a técnica de “olho nos olho”. Um muito amigo meu me disse que eles estudam em frente a um espelho como ficar mais apresentável. Dias e dias ali. Faziam até discursos para a pasta de dente, a escova e o sabonete. Espontaneidade ali não existia. Meu amigo acho que isto não existe mais. Hoje acabou. Todos são “iguais perante a lei”. A lei? Ora a lei. Lembra-me um antigo formador que sempre dizia – Para os amigos tudo, para os outros os rigores da lei! (ou da Comissão de Ética).

                   Em mil novecentos e antigamente conheci duas escotistas famosas. Faz tempo isto. Ambas DCIM. Na época ainda existia a Akelá Líder. Termo usado em Gilwell Park. Uma morava em um estado e a outra em outro. Sei que havia uma terceira, mas não tive a honra de conhecê-la.  Também havia muitas outras, mas distante ainda do estrelato. Quando se encontravam rajadas de ventos e raios pipocavam por todo o lado. Mas quem visse de longe veria duas chefes sorrindo uma para outra. Sorriso perfeito. Sorriso de grandes atrizes de Hollywood. Ah! Ainda bem que o lobismo ganhava com grandes performances das duas. Eram “feras” na história da jângal. Eu mesmo fiz um curso com uma delas. Mas não vamos deixar de lado os DCIMs que pipocavam de estado em estado. Um ar professoral pose de Velho lobo, não conheci todos pessoalmente, mas tinham jeito de BP. Alguns diziam que eles sabiam mais do o Velho fundador. Para os seguidores eles diziam: – Pode galgar a escada, mas, por favor, não me ultrapasse. Aguarde sua vez aqui ou na eternidade. Risos e risos.

               Garantem-me que isto hoje não existe mais. Será? Só vendo para crer. As vaidades fazem parte da vida. Quem diz que não tem vai direto para um mundo melhor na espiritualidade ou no céu. Mas sem menosprezar dizem que o inferno está cheio deles. Risos. No meio dos dirigentes infelizmente ainda existem aqueles vaidosos e aqueles que querem um dia ter a sua oportunidade também de ter a honra de ser vaidoso. Nietzsche foi feliz em dizer que a vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade. Verdade verdadeira. Participei em minha vida de algumas centenas de reuniões onde os Grandes Chefes estavam presentes. Sempre faziam e ainda fazem as reuniões de Giwell. Sem menosprezar o festival de vaidades ali tinha seu lugar ao sol.

               Ei! Espere! Não vamos generalizar. Conheço pelo menos uns dez que não tem isto. São os abnegados. Os que dão a alma e o sangue pelo escotismo. São eles realmente que movimentam a engrenagem desta máquina maravilhosa que é a associação Escoteira. Você dificilmente irá ver neles, ou ostentando orgulhosamente uma Medalha Tiradentes, Uma Cruz São Jorge, uma gratidão ouro ou um Tapir de Prata. Não. Estas são reservadas para outros. Julgados mais importantes para ter este direito. Não me condenem. Tem muitos que recebem estas condecorações e não são vaidosos. Trabalham com amor e esforço para um escotismo melhor. Mas os vaidosos! Hummm! Ego ou egocêntricos? Sem lá.

              Toda vez que escrevo sobre algum tema que machuca na alma, recebo centenas de e-mails, e perco a conta daqueles que discordam falando francamente onde devia colocar a postagem. Risos.  Paciência. Não sou daqueles que arrastam frases como “A verdade dói”. Cada um tem a sua verdade. Mas será que eu já fui um deles? Se fui eu juro que não fui! São Tomé me acuda! - Só vendo para crer ele responde. Risos. Mas quantos não correm atrás de um taco a mais? – Lembro que um me procurava e dizia – Sabe o fulano? É três tacos agora e o beltrano? Precisa ver, ele agora é quatro tacos. “Tacaiada” danada. Risos.  Carguinhos no escotismo sempre são bem vindos. Tem muitos que não gostam, mas tem outros tanto que falam assim, mas estão sempre sonhando em receber um convite. Não preciso apontar e nem dizer quem. Você que me lê e não é um deles sabe quem são na sua área. Os maiorais quando vocês os encontram tente convidar para trocar ideias. Nunca! Desista. Bem você pode tentar e levar um tapinha nos ombros, um sorrisinho sem graça, um oi e um até logo. Estão sempre com pressa. Os grupinhos deles se formam na calada da noite. Os temas secretos. Mudanças. Nomeações. Escolhas. Fico com Augusto Cury que dizia – A Vaidade é o caminho curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve. Risos.


               Tenho saudades deles e quem sabe da nova safra. Daria tudo para estar presente de novo nas assembleias e nos Congressos. Adorava no passado a apresentação da equipe em curso. Formados em linha. Empertigados. Podia ali marcar sem sombra de duvida os vaidosos. Já pensou? Eu em uma assembleia? Arre! Tremo só em pensar. Irão olhar para mim, olhos faiscando, dando um risinho sem graça e cuspindo maribondos – Você então é o Chefe Osvaldo? Risos. Turma é ele! Podem bater a vontade! Risos. Sem comentários. Não estarei lá. A saúde não permite. Tenho medo de ser expulso sem direito a defesa nas reuniões secretas que ali fazem. Direito a voto nem pensar. Só aqueles que tem casta de Presidente e pertencem a corte do rei.  Portanto é melhor eu ficar aqui. Um ermitão que já deu o que tinha de dar. Chega por hoje. Os vaidosos que me desculpem, mas prefiro lembrar-me de Jean de La bruyere e Paul Valéry que diziam - A falsa modéstia é o ultimo requinte da vaidade. Agradar a si mesmo é orgulho, aos demais, a vaidade.