quinta-feira, 25 de junho de 2015

Escotismo de resultados.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo de resultados.

Nota: A maioria dos comentários aqui anotados são de autoria da escritora Ivone Boechat a quem agradeço.

                       Que nossos chefes se divertem no escotismo, não se discute. Que nossos chefes estão imbuídos em fazer uma juventude melhor não temos dúvida. Temos que parabenizar a eles pelo seu esforço pessoal em tentar atingir os resultados propostos. E quais são os resultados? Formar homens e mulheres para que a nossa sociedade tenha em suas fileiras pessoas capazes, honradas, de palavra e ética. Pessoas quem podemos confiar. Resultados é consequência de um trabalho realizado dentro de um programa e ou um método condizente a que se propõe a organização ou associação. Vivemos hoje em um mundo onde as esperanças borbulham em cada mente em cada coração. Esperanças de um país onde se acredita na honestidade e nos trabalhos realizados por nossos homens e mulheres que se propuseram a dirigir a nação. Chegamos a tal ponto que não temos certeza se nossas pretensões estão atingindo o que sempre sonhamos. O escotismo tem tudo para dar sua contribuição, mas como?

                 Estamos desacreditados. Em todas ás áreas há sempre uma dúvida se nossos objetivos estão atingindo os resultados esperados. Ainda estamos em duvida se podemos confiar hoje nas organizações Empresariais, politicas e mesmo as religiosas. Nosso movimento pela sua própria excência deveria cumprir seu papel. Procuramos de todas as formas mostrar que somos um movimento apolítico, educacional e com uma metodologia única, uma forma simples de atrair o jovem pela sua simplicidade, fazendo com que ele mesmo se eduque sob a supervisão de adultos. O método Escoteiro é único e desde sua implantação vem sendo copiado por uma gama de organizações e associações que acreditaram nos seus resultados e os estão pondo em prática. A Arte de fazer fazendo, a formação individual pelo próprio jovem, atividades ao ar livre que torna mais simples a permanência do jovem que ainda tem o sonho da aventura; sonho de viver como seus heróis aprendendo técnicas mateiras e vivenciando bem perto a natureza, uma escola que ninguém pode desmerecer.

                    Caráter é o termo que designa o aspecto da personalidade responsável, pela forma habitual e constante de agir, peculiar a cada indivíduo. É somente pelos resultados que podemos saber se atingimos nossos objetivos. Ivone Boechat disse que Ensinar é aprender. Ensinar não é transmitir conhecimentos. O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele orienta a aprendizagem, ajuda a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios encontrem as suas opções. E porque então não estamos atingindo o objetivo que nos propusemos a fazer?  No escotismo temos uma liderança representativa. Muitos acreditam que ela é a melhor maneira de desenvolver e fortalecer o escotismo brasileiro. Não se pensa em outra forma de direção. Tornou-se um tabu falar sobre este tema. A própria liderança que é menos de 0,2% dos voluntários que colaboram tomam decisões que são acatadas por todos sem discutir. Não existe transparência. Tudo é feito sem consultas, sem pesquisas e poucos ficam sabendo até que se torna realidade.

                    Poderíamos citar diversos itens. Vejamos o uniforme e o programa. O programa foi modificado duas vezes. Quanto ao programa muitos não gostaram. Se os jovens ainda não sentiram o valor de continuar e estão abandonando o escotismo é porque os resultados não são bons. Mas quem levanta a voz? A representatividade não nos dá este direito. Sim eu sei que nos encontros nacionais chamados de seminários, congressos, assembléias dizem que todos temos o direito de mostrar nosso descontentamento. Mas sabemos na realidade que isto é praticamente impossível. Destes os primórdios que nossos uniformes foram alterados vez ou outra. O Caqui ficou por muitos anos e permanece até hoje. Com a criação do Uniforme Social, que mais tarde foi chamado de traje, por falta de uma fiscalização mais objetiva, as escolhas individuais muitas vezes deixavam a desejar nossa representatividade junto à comunidade.

                     Por dois anos ou mais em surdina discutiram uma nova postura de uniformização. Deram poder a um órgão não eletivo e poucos sabiam o que acontecia nas discussões e aprovações. Foi comentado com os voluntários que desta vez os lideres iriam surpreender e dar uma guinada de noventa graus na apresentação Escoteira no país. Em uma Assembleia no norte do país ele foi apresentado. Uma festa, ali se viu quase dezenove tipos a escolher. Para muitos uma apoteose. Duvidas surgiram. A liderança nunca veio a público para se explicar como e porque fizeram esta escolha. Como sempre deixaram para outros o fazerem. Alguns até disseram que houve sim pesquisa. Desconheço. Até hoje não vi ninguém dizer que foi consultado. Pequenos contatos de e-mail telefones etc. solicitava que todos os membros das direções nacionais estaduais e muitos da Equipe de Formação dessem exemplo e usassem a nova vestimenta.

                     Disseram que a vestimenta não seria uma forma de obrigação. O caqui ainda continuaria prevalecendo e somente o traje iria desaparecer. O mote que muitos copiaram é que ela a vestimenta seria agora um atrativo para não só os jovens cuja “pesquisa” (que pesquisa?) diziam não gostar dos nossos uniformes. Iriamos atrair muitos retraídos jovens e adultos pela postura da nova da vestimenta, que surgiu de uma importante organização voltada para este tipo de trabalho radicado em São Paulo. Sugeriram que democraticamente (agora?) cada unidade local através de seu lideres e participantes decidissem qual seria a escolha para o Grupo Escoteiro. O Caqui e a vestimenta. Uma verdadeira torre de babel. Chefes já se apresentando com a vestimenta e fazendo marketing. O caqui que antes havia nas lojas Escoteiras desapareceu.


                     Durante todo o tempo desta celeuma em nenhuma vez os lideres da UEB vieram a publico para se explicar. Quem sempre defende são chefes ou alguns membros de outras direções estaduais as posições da UEB. Certo ou errado fica a pergunta: - Onde estão os resultados? Temos representatividade nos meios educacionais? Nos meios Políticos? Nos meios Empresariais? Temos exemplos de grandes cérebros ou mesmo com respeito devido defendendo nossa forma educacional? Temos bons conferencistas a cruzarem o país levando a boa nova do escotismo? Onde andam os profissionais Escoteiros para uma cruzada de norte a sul visando à expansão Escoteira? Pelo que sei nossos resultados são pífios. A frente Parlamentar até hoje não disse para que veio. As mudanças eu sei que irão continuar, mas sei também que nossa evasão Escoteira não vai parar. O futuro dirá aonde chegamos ou podemos chegar! E sempre bato na mesma tecla: Porque quase seis mil associados deixaram o escotismo em 2014?