segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A patrulha dos Monitores


Conversa ao pé do fogo.
A patrulha dos Monitores

                  Todos nós, que fomos ou somos Escotistas de tropa escoteira, seja masculina ou feminina, temos um carinho especial pelos nossos monitores. Claro eles são a razão do sucesso da tropa. Eles são diferentes, mais adestrados, mais experientes. Muitas vezes estão mais próximos a nós. Afinal é com eles que falamos no desenvolvimento na tropa, dos jogos, dos avisos, dos acampamentos enfim, são eles os nossos olhos e ouvidos junto aos demais escoteiros. Isso não cabe nenhuma dúvida. E são mesmos os responsáveis diretos para o adestramento da sua patrulha e claro com a ajuda dos subs. Todos os chefes que assim agem sabem das vantagens de ter bons monitores e isso faz com que o crescimento progressivo não perca solução de continuidade. Se o monitor e o sub estão mais próximos, podem colaborar nas etapas e fazer com cada um de sua Patrulha conquiste as etapas com mais facilidade.

O Escotista e os assistentes de uma tropa escoteira tem sempre um bom relacionamento com eles e considera a Patrulha de Monitores a maneira ideal do desenvolvimento da sua tropa. Essa patrulha é formada por todos os monitores e Submonitores. Nesta patrulha o chefe e o monitor dos seus monitores. É uma patrulha organizada somente para o adestramento e formação dos monitores. Costumam ter (sem caráter de obrigação) a mesma organização de uma patrulha na tropa. Nome, grito, Bastão totem, materiais de campo e sede, livro de ata, e divisão de encargos na patrulha. O Chefe deve ter a preocupação de que o companheirismo é a única forma do crescimento individual e coletivo. Quando temos uma patrulha de monitores funcionando (devem-se incluir os Submonitores) ativa e com tradições o desenvolvimento da tropa sempre será o adiante do esperado. É nesta hora que o chefe tem pleno potencial de desenvolver suas aptidões, e inclusive tendo a oportunidade de aprender juntamente com eles uma série de técnicas escoteiras que poderão ser úteis no adestramento de todos os patrulheiros.

As reuniões desta patrulha devem ser mensais ou em caso de necessidade a qualquer momento. Lembramos que não é uma Corte de Honra nem Conselho de Monitores. Nunca deve coincidir com as reuniões normais da Tropa Escoteira e atividades afins. Uma boa programação anual deve ser feita, contendo datas, atividades ao ar livre, aventureiras e com fins e objetivos determinados, mas sem prejudicar o tempo deles já que existe uma programação da tropa que eles se dedicam mais. Quando Escotista de tropa costumava dizer quando em reuniões com eles, chamadas durante as reuniões para avisos, conhecimentos gerais, não importando o numero, dávamos o grito de patrulha e sempre todos diziam – Patrulha Esquilo em reunião!

Atividades sociais devem ser incrementadas. Uma ida a um cinema, um passeio em um parque, a outros grupos escoteiros, visita a museus e lugares históricos. Tudo isto além de conhecimentos adquiridos, vai mostrar a comunidade que somos um movimento de jovens responsáveis. O marketing nesse caso é benéfico não só ao movimento como também o fator cidadania. É importante que todos saibam de suas responsabilidades, pois estão sendo vistos por centenas de pessoas que irão ter agora uma melhor ideia do que é o escotismo. A uniformização é parte importante da ação. Todos devem estar bem uniformizados inclusive o Escotista presente.

Os assistentes também participam como irmãos mais velhos na patrulha. Podem e devem substituir o chefe da tropa. A divisão do trabalho facilita a todos. É necessário que devam dar a maior liberdade possível aos monitores e subs, sem interferir na programação a não ser para prováveis tomadas de rumo dentro de um programa pré-determinado. Pensem e imaginem uma atividade de domingo, passeando pela cidade com fins objetivos, vendo a perplexidade e admiração dos transeuntes e ou fim de semana, em um local próximo, com boas condições de treinamento e adestramento de barracas, uso de material de sapa, cordas, acrescentando isto com uma pitada de treinamento de pistas, nós, sinalização (semáforas e Morse).

Seria realizado em um fim de semana ou um dia inteiro esta atividade; Daria sem sombra de dúvida um conhecimento maior das etapas de classe, sem falar no companheirismo e confraternização entre eles. Ficará, portanto muito mais fácil eles os monitores adestrarem suas patrulhas, pois sempre estarão à frente no conhecimento técnico e teórico que foi passado pelo chefe escoteiro.  Prevejam também como seria um acampamento só de monitores, com um ótimo programa a ser desenvolvido, principalmente de pioneiras, cozinha e atividades aventureiras. Poder ensinar a eles os pontos importantes que devem ser observados em um acampamento, a inspeção matinal, os cerimoniais de bandeira, conservação da natureza, fossas, pioneirías básicas, uso da lona, toldos e tantos outros que serão criados pelo Escotista encarregado da atividade. Com isso a tropa dará um salto quantitativo e qualitativo na sua formação e desenvolvimento. 

O mais importante de tudo é o zelo realizado pelo Escotista para que não haja solução de continuidade. O chefe e os assistentes são responsáveis para o prosseguimento e das atividades afins, aprendendo a conhecer os lideres da patrulha, seus anseios. Muito importante é mostrar a eles a responsabilidade de seus comandados dentro e fora da sede. Boletins escolares, deveres para com Deus, obediência aos pais, Lei Escoteira são objetivos que não devem ser esquecidos.

É com esta patrulha especial que os escotistas iram ver o crescimento de suas tropas. Escoteira ou sênior/guias. A programação é extensa. Não vamos especificar aqui todos os itens importantes para um programa agradável e ao mesmo tempo aventureiro com a Patrulha de Monitores. Acredito que todos os escotistas participantes sabem bem das necessidades de todos. Ao se pensar nas responsabilidades do Escotista dentro desta premissa e o tempo a ser absorvido, lembramos que temos assistentes, e a distribuição de tarefas é parte importante no desenvolvimento da programação.


Se ainda não tem, formem logo sua patrulha de monitores. Vão ver o ânimo que eles terão. Uma amizade maior que irão adquirir. Não posso acreditar em uma tropa e no seu desenvolvimento sem ter bons monitores na liderança. Claro, será um trabalho árduo constante. - Bons monitores, boas tropas, boas tropas sucesso garantido na formação escoteira!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ainda existem sonhos escoteiros? O belo que a natureza tem.


Ainda existem sonhos escoteiros?
O belo que a natureza tem.

                        Estão a me dizer que os sonhos agora são outros. Repetem a todo o momento que o mundo da simplicidade, da natureza, da fonte de água limpa e do canto dos pássaros que um dia foi um pedaço do céu e a voz de Deus para os escoteiros, hoje são poucos que conseguem ouvir. Quem sou eu para julgar que os jovens não têm mais o estilo de apreciar gostar e amar a natureza vivendo cada momento, cada pensamento, tudo que recebemos de Deus e da natureza a vida. Já me disseram que o exemplo, o aprendizado o estilo e o hábito nos faz amar e sentir a natureza em todo seu esplendor. Um poeta dizia que é acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar. Já nos perguntamos qual o propósito dos pássaros cantarem, pois o canto é o seu prazer uma vez que foram criados para cantar? Devemos voltar à mente humana sem se inquietar com a extensão dos segredos dos céus? A diversidade do fenômeno da natureza é tão vasta e os tesouros escondidos nos céus tão ricos que quando chega à primavera e com ela o espetáculo do desabrochar das flores tudo se comprova: - Vale a pena cultivar o melhor e assim florescer para a vida.

                         Quantos de nós chefes nos voltamos para levar aos nossos jovens a beleza e o encantamento da natureza? Será que ainda vivemos para dar aos jovens sonhos de uma vida no campo, deixar que eles viagem pelas estrelas, pelo firmamento e sentir o aroma da floresta em flor? Do cheiro da terra, de apreciar o silencio e o ronronar da mata? Quantos de nós ensinamos aos nossos jovens a dormir sob o manto da noite, ouvir o vento e tentar entender porque ele viaja nos trazendo a brisa, deixar que ele nos leve para longe. Ah! Dormir sob as estrelas, uma barraca cheia de beleza que sempre fica armada no firmamento. Como é bom dormir sentindo o tempo e o vento ao nosso lado, acordar com o lusco fusco da manhã, rosto molhado do orvalho do amanhecer. Os pássaros acordando, cantando, voando em bandos para mais um dia de esplendor.

                        Quem sentiu a fresca nevoa subindo de um riacho, correndo entre cascatas, água fria que brota da serra, assustar sem se sentir ameaçado com um lobo guará que aparece, um olhar firme como a dizer: - Somos irmãos tu e eu! Não importa o tempo, se soubermos amar a natureza amamos a liberdade, a tempestade o frio e o calor. Mesmo com seus perigos a selva nos ensina e nos mostra o som da chuva, o clarão dos raios que pipocam no céu. O medo do trovão acaba o vento acalma, os grilos repicam canções de ninar. O pisca-pisca dos vagalumes é uma doce visão para nunca mais esquecer. O cantar da cigarra, o ribombar surdo, ressoando fortemente na queda de águas cristalinas de uma cachoeira encantada. Viajar, pés no chão a caminhar olhando cada passo que nos leva para as criações do Criador. Um animal que passa, um beija flor que para no tempo a ver onde pode ter o seu caule da vida.

                       Nada se perde tudo se transforma quando se ama a natureza. As delicias de uma sombra embaixo de uma árvore centenária, ouvir o ranger dos seus galhos ao ver e sentir o vento passar. Procurar através de suas folhas uma nesga do sol ou pássaro cantante invisível que canta tão belamente. É lindo sentir a harmonia, a estética da mata que foi feita para nosso deleite de sombras e cantos invisíveis só para os que não querem acreditar. Bom demais ver os insetos apressados, um frescor diferente do aroma das flores silvestres tudo é lindo tudo parece dizer que a natureza quer falar com você. E o cheiro da terra? Impossível descrever. Coisas de velhos mateiros que aprenderam a viver com a natureza no respeito que é devido de um Escoteiro.

                     Acampe, em montanhas, em vales, em serras ou várzeas onde os animais pastam, onde a busca da sobrevivência faz parte da vida daqueles que são os donos da natureza. Acampar em uma praia deserta é extraordinário. Sons maravilhosos do mar ao subir ou descer da maré uma obra tão bem feita que sabemos que ali mora o Redentor. O bater de asas de um albatroz, de uma gaivota a se exibir no ar, de um trinta-réis ou de um Atobás. Se tiver sortes quem sabe aparece uns tesourões gritando no espaço a procura de um cardume que lhe dará o alimento do dia. Ah! Sonhar com a natureza, viver com a natureza, sentir todo seu esplendor entrando em seus poros e fazendo sentir o espetáculo que um dia Deus nos deu e nada cobrou. É como as tempestades que deixam cair às folhas verdes assustadas ainda no outono que um dia brotaram no desabrochar dos lindos campos, suas essências... Deixadas como folhas em vendavais. Voando, vagando, sem destino; por entre pensamentos, como mãos que tocam almas, fazendo das harpas sons siderais.


                      Não há como esquecer o som do regato, dos peixinhos que pulam a procura de um inseto, no coaxar de um sapinho, do lindo som de uma cachoeira fantástica, do bater de asas de papagaios coloridos.  Os sons das abelhas e dos beija flores a procura do néctar nas flores, de olhar uma campina verdejante e ver o vento tocar as folhas do capim, das flores silvestres e elas como se fosse uma onda verde vão e vem no horizonte. São tantos os sons da natureza que é impossível dizer que Deus não está ali. Sons e sons. Da noite do dia. Do nascer e do por do sol. Sons da chuva, da terra molhada, do riacho manso que corre para o mar. Sons das ondas, das gaivotas, dos falcões, dos macacos guinchando nos galhos como se estivessem a rir de nós. Sons das estrelas, da lua, do sol. Sons imperdíveis da nevoa da madrugada. Quantas saudades daqueles dias que o som da natureza me invadia e tomava conta do meu ser. Um som como se estivesse ouvindo melodias nunca antes tocadas por nenhuma orquestra deste mundo. Sons da natureza!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Cozinha mateira? Sei não!


Conversa ao pé do fogo.
Cozinha mateira? Sei não!

          Hoje existe uma plêiade de bons mateiros que se divertem no campo a fazerem comida mateira. Nos dias de hoje porque não? É o pão do caçador? A sopa de cebola? O pão do minuto? Ovo no espeto? Ovo na casca de laranja? Ovo no barro? Milho assado na brasa? A maçã recheada? Frango no barro? Carne moída na batata? Arre! São centenas se deixar os mateiros Escoteiros engordam esta lista em minutos ou horas. Dizem os bons técnicos mateiros que a comida mateira escoteira é a técnica de se cozinhar sem a utilização de utensílios domésticos. Dizem também que é a comida típica dos Escoteiros nos acampamentos. Um deles disse que preparar a própria comida é um desafio e sempre uma grande distração para os jovens. Saber improvisar, ter paciência ver como substituir as tradicionais panelas (pelo menos se tem uma vantagem, evitar lavar panelas, arre!).

            Nada como um bom fogo, boas achas para brasa e já pensou colocar ali uma banana verde uma cebola, uma batata e enrolar o pão do caçador para depois de cozido se deliciar? Só não vale um churrasco no campo de patrulha. Não vale? Vale sim, uma noite fria, um bom fogo mateiro, caçar uns patos do mato ou marrecos, quem sabe uma carninha de tatu, uma cobrinha bem limpa e cortar em rodelas pequenas ficadas em espetinhos, ou de um belo Gavião que voou baixo e se danou? Bom demais. Bem sei que hoje isto não pode, mas quantos patos selvagens ainda existem por aí? Está dando sopa nas lagoas o pato-do-mato, pato-crioulo, pato-bravo, cairina, pato-selvagem e o pato-mudo. Haja patos para encher a “pança” dos escoteiros. Risos. Não pode? Bem o respeito à natureza e a liberdade dos animais e pássaros precisam ser respeitados. Mas ouve uma época que nós Escoteiros vivíamos da natureza selvagem. Na mochila não faltava meio quilo de sal, um vidro de gordura de porco, (quase não havia óleo de cozinha) eu gostava de uns dentes de alho e dependendo o lugar a acampar isto bastava. Lista de mantimentos? Meu Deus! Nem pensar.

             Será que teríamos jovens para um acampamento assim? Uma mochila, uma manta, mudas de roupas e material de higiene, uma pequena lona, claro não podia faltar uma boa faca mateira, um canivete Escoteiro, uma machadinha pequena e mais nada. Ops! Esqueci o sal a gordura e o alho. Sem eles dava para se virar, mas no máximo alguns dias. E você quer ir comigo? Use de sua imaginação e lá vamos nós. Para onde? Para onde o vento nos levar. Quem sabe na lagoa do Epaminondas? Gente boa. Sempre a nos presentear com um franguinho vivo ou morto. Risos. A lagoa era o máximo. Dela tirávamos belas traíras, bagres e quando chovia enormes corvinas. Pegamos uma vez um pequeno Jacaré. Coitado serviu a seis seniores sem saber que eles adoraram. E os patos selvagens dando sopa a pedir: - Nos faça no espeto bem tostado, por favor! Risos. Uma sopa? Era só desencavar a macaxeira, ou melhor, o aipim, mandioca-doce, mandioca mansa e frita então? Bela lagoa. Era como dizia Pero Vaz de Caminha, nesta lagoa se plantando tudo dá. Mas ele estava errado, nela não precisava plantar, pois tudo dava.

           Mas vamos lá, não vamos ficar somente na lagoa, quem sabe ir até o Rio Chorão? Gente ali vamos nos fartar de peixe, Zé Bigode o intendente da Patrulha Leão, aquele que não tinha bigode disse que pegava com as mãos. Verdade ou não na piracema lá na curva da Cachoeira do Cavalo eu mesmo peguei vários. Mochila nas costas desfraldem a bandeira e lá vamos nós continuar nossa jornada. Cuidado ao atravessar o Riacho do Piraçu, a correnteza é forte, mas se amarre no cipó e fique frio. Melhor arranchar ali. Tem uma clareira na Mata do Guaporé linda de morrer. Cada um faz uma coisa. Um prepara o fogo mateiro, outro veja a lenha, eu vou buscar uns timburés e uns chuchu do mato. Aqui tem dos grandes. E você Boca Larga entre na selva e veja se encontra uma colmeia e devagar sem alarde retire um ou dois favos. Não tenha medo das abelhas. Afinal elas sabem que você é um escoteiro. Vamos retirar da cera todo mel que precisarmos. Vamos nos empanturrar de doces de mel. Tem vasilhame? Que isto meu caro amigo, estava na lista?

         Acho que não vai chover turma portando durmam com Deus. Que o céu seja sua barraca. Fiquei a vontade para contar as estrelas, façam seu pedido ao passar um cometa brilhante no céu. Eu hoje nem papo quero, estou cansado e preciso de descanso, pois amanhã o dia não vai ser mole. Sei onde estão as galinhas d’angolas selvagens. Muitos as chamam de Cocar. Vamos pegar três e vamos nos regalar. Um bom cipó e aqui na floresta eles abundam em todo lugar. Você sabia que temos uma grande variedade deles? Tem espécies medicinais, são bons para diarreia, hepatite, leishmaniose e até câncer. Bem não sou médico, mas além de servirem como uma boa corda, eu os uso como tempero e conheço um com aroma e sabor de alho e cravo. Putz! Sua meia está furada Chefe? Troque já. Calo nas jornadas não é bom. E vamos dar belos galopes atrás delas e não acreditem se começarem a gritar. São danadas para cantar: - Tô fraco! Tô fraco! Risos. Se forem bons escoteiros vamos pegar umas três rapidamente. Depois abrimos o bucho, deixamos as penas, dentro um pouco de óleo e sal e já devemos ter prontas as assadeiras. Três buracos de uns 40 de fundo por 12 polegadas de diâmetro. Cobrir com barro (as galinhas d’angola) e colocar na brasa fechando o buraco em seguida.


            Agora pé na taboa. Deixe as gostosas galinhas d’angola se aquecendo. Vamos voltar em três horas e elas estarão prontas. Ao tirar o barro saem as penas. E que delicia! Mochila nas costas e lá vamos nós novamente. Na Floresta do Jangadeiro vai ser fácil encontrar a Castanha e o Açaí. E olhe o que não falta lá é o Palmito (uma delícia) e na descida vamos passar pelo Lago Vermelho. Uma vez encontrei lá belos inhames, maracujás bananas da terra e folhas de Lobrobô. Não conhecem? Risos. Vais ver o ensopado que vamos fazer sem panelas. Sem panelas? Calma. É o truque que uso. Não conto para ninguém, só para quem acampa comigo risos. Quem vai aguentar cinco dias assim? E dez dias? É não é fácil. O melhor mesmo é voltar a Comida mateira. Tudo é levado da sede. Lá é só preparar. Mas você que esteve comigo nesta bela viagem de sonhos aventureiros não gostou? Lembra-se do Macaquinho que pulou em seu ombro na selva do Soldado? São tantas lembranças que tenho certeza estes cinco dias vão lhe marcar para sempre. Quem sabe um dia vamos voltar?


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Um fantástico Fogo de Conselho. Um fogo de conselho perdido em uma noite de luar...


Um fantástico Fogo de Conselho.
Um fogo de conselho perdido em uma noite de luar...

“Invocação do Fogo sagrado”.

“Hoje eu invoco o fogo”. Aquele das profundezas da terra do mar e do ar. Invoco o fogo do sol que queima as energias do cósmico, e dele refaça as cinzas que o vento vai levar. Invoco o poder das Salamandras com respeito e honrarias, Eu invoco o poder do fogo dos raios e dos trovões. Invoco o poder da chama dourada da sabedoria e do espírito santo de Shekinah. Eu invoco os ventos que sopram nas vertentes do Vale Feliz. Seja eles ventos do norte, ventos do sul e do leste ou mesmo do oeste. Eu invoco o poder do fogo para que nossos corações voltem a brilhar. Nesta noite nesta fogueira mágica que não haja ódio e somente amor. Que o fogo nos purifique e traga a felicidade e o tempo para curar as dores que for preciso. “E quando as brasas adormecidas se apagarem eu clamo ao sol do amanhecer que traga a felicidade para todos os povos do mundo”.        

Parte superior do formulário

                   A vida escoteira que nos faz sorrir, cantar, viver junto com irmãos em uma clareira amando uma fogueira que vai durar para sempre em nossos corações. Quanto tempo ainda ficaremos ao redor deste calor? Ah! Fogueiras. Quem não sentiu o vibrar do clarão no céu? Olhos esbugalhados olhando para dentro dela, querendo descobrir muito mais que aquelas chamas que se espalham com o vento, jorrando fagulhas tão fagueiras, tão faceiras que nossos olhos percorrem os lados e traslados para ver aonde elas vão? A fogueira atrai. Feche os olhos e pense que tudo vai começar. O escuro da noite esconde tudo de todos. Mas ali somos um só com o mesmo pensamento e ideal. Nada foge nada se perde, nosso pensamento é um só a viver este belo momento. O momento sublime que um trisco, um fulgor, um lampejo, um brilho colorido vai surgir, e a escuridão seja solicitada a se retirar.

                         É bom demais, é sublime, é fantástico. A luminosidade que brilha transforma faces, pensamentos, saudades, futuros que agora nem pensamos. Só aquele clarão se faz presente no raiar da escuridão que de susto desapareceu junto ao vento que chegou e partiu. A gente se atrai se junta aquela chama, quer ver a brasa, a flama. Uma língua de fogo escorre no tempo e no ar. Labareda que nos faz sonhar. Não é o um fogacho escondido, perdido que o fogaréu se foi quem sabe na janela do tempo que se abriu. Ali não, ali vive a fogueira, a tocha, o facho e o archote uma lumieira um fogaréu! Sei que em pouco tempo todos vão acordar do seu estupor, pois estavam sorrindo a esperar... Será um fogo, um conselho, uma aventura, um ato de amor. Será o aquecimento do corpo, irá cozer alimentos, afastar os amigos selvagens que escondidos atrás de árvores estão ali a espiar...

                     Quem disse que o vento carrega levemente a poeira, que sopra pela janela e balança a roseira? Quem faz e diz ser mais bela que a chama de uma fogueira? Não sei e nem quero saber. Sei que o fogo molha a alma de guerreiros, aqueles que sonham com mundos coloridos e muitas cores no ar. São românticos e sonhadores. Eu você e todos nós estamos ali juntos contigo, muitos amigos, em volta de um clarão que vai atingir as estrelas no céu. Eu sinto meu coração bater, o crepitar da fogueira me fazer renascer, não é tempo esgotado nem chuva no molhado. É força Escoteira, alegre faceira que o Fogo de Conselho vai trazer ramalhetes de flores espalhados ao luar. São flores amarelas, vermelhas singelas. Quem sabe vai também trazer a boa nova, a mudança dos novos tempos, um ato de amor e de felicidade, que a bondade de Deus colocou-nos unidos ali, fazendo escotismo, gostoso, aprazível, delicioso. Agradável noite de amor fraterno.

                    Ah! Saudades que passam que ficam. Suspiro apaixonado por um fogo qualquer. Ali amigos fraternos, amigos eternos sorriem naquela noite maravilhosa que em só um momento trouxe canções, vozes a entoar, gorjeios em noite de luar. São canções lindas, frases sinceras, amor de primavera. Linhas inexistentes, fronteiras abertas demarcações riscadas. Nada impede celebrar ou enaltecer o fraternal companheiro. Um parceiro, um amigo, um colega um camarada meu mano. É ali naquele fogo, tão primoroso iremos guardar saudades eternas. Um dia vamos sentir falta, lembrar-se de algo, trazer na memória coisas antigas, pensar em tê-las de volta. Mas o fogo, o trinar do canto da fogueira, um olhar tão amigo, um certo sorriso e dizer: Adeus fogo, não é mais que um até logo... Não é mais que um breve adeus...


                 Com as mãos entrelaçadas, ao redor do calor, iremos deixar uma lagrima rolar e cantar que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus, bem cedo junto ao fogo tornaremos a nos ver. E então o Senhor que nos protege vai de novo nos abençoar e um dia certamente vai de novo nos juntar. Sonhos de esperanças de amizades eternas e depois com as brasas adormecidas iremos dormir em paz!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Programas de reuniões de Tropa.


Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.

                  Você gostaria que tivesse um livreto com mais de cem programas de reuniões de tropa para você utilizar? Será isto mesmo correto? Bem se você está acostumado a se matar as noites com seus assistentes para preparar programas a curto médio e longo prazo pode até ser que sim. Claro que enquanto você der um deles sua Tropa vai sorrir e muito com o estupendo programa do seu Chefe. Lembro que este tema sempre foi levantado em Indabas e cursos quando os alunos chefes discutiam em bases sobre tais assuntos, eram tantas ideias que ao debater em plenário ficávamos abismados com tantas sugestões. Mas se quer mesmo saber este não é o caminho. Afinal se todos recebessem hoje um programa assim poderia ser ótimo, mas o tempo iria demonstrar que o que pretendemos na formação dos nossos jovens Escoteiros não é o caminho.

                  Não gosto muito de dar muitos pitacos em programas de reuniões de tropa. Como na minha vida de Chefe fiz centenas deles e participei como jovem sugerindo outros tantos hoje posso ter uma ideia como é. Aprendi que programas só são bons quando tem a mão dos escoteiros e principalmente dos monitores da tropa. Confiar neles é tão válido como parabenizar as conversas que eles têm com seus amigos de rua ou do bairro. Lá fazem eles fazem excelentes programas. Se lá eles fazem porque a patrulha não pode sugerir o que gostariam de ter? Agora lembre-se se você não gostar não dê pitacos. Deixa-os fazerem e depois que discutam entre si as vantagens e desvantagens. Eles sabem o que deve ser o melhor para eles, sem esquecer que você está ali para orientá-los no caminho certo. Não foi assim que BP criou o método escoteiro? – Programando o Programa tem de ser a preocupação máxima de um Chefe Escoteiro, mas sem seus monitores e as patrulhas nenhum bom objetivo vai ser alcançado. Vejamos alguns tópicos como são desenvolvidos programas de tropa:

- Muitos chefes na semana ou no mês, com auxilio de assistentes (ou mesmo só) prepararam o programa. Costumam fazer até cinco ou seis e conheci alguns que faziam para todo o trimestre. Sempre eles decidindo tudo. Como o adestramento ou formação das atividades técnicas e etapas progressivas ficam nas mãos dos monitores, podemos imaginar que tal programa vai deixar a desejar no crescimento individual de cada um. – Não vamos esquecer do sábio que deixa tudo para o sábado. Antes ou depois do almoço ele rabisca o que acha que será seu programa de Tropa. Alguns perdem muito tempo e estes na maioria ainda vestem o uniforme na sede. Bonito exemplo ele está dando.

- Tem aqueles que jactam-se de ter tudo na memória. Sabemos que ele é um ótimo Chefe, com muitos conhecimentos e sabe como improvisar quando preciso. Ele já decorou – BOIA! – Bandeira, oração Inspeção e caramba, esqueci o que seria o A. risos. Seria chamada? A garotada se diverte com um “racha” de bola, ou jogos já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que alguns não vieram e sempre mandam um aviso ameaçando os faltosos disto e daquilo. Mas tem aqueles que dão um belo sorriso ao ver que não ouve faltas. Usaram o Sistema de Patrulhas para isto. Eles sabem que na tropa são orientadores. Se a tropa aplica o sistema de patrulha não tem erro. É tão simples que em qualquer reunião de tropa é dado tempo para que as patrulhas se reúnam para apresentar sugestões. Os monitores já aprenderam com o Chefe como seria liderar. É nesta hora que surge boas ideias e se dá liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir. Quem sabe a tropa ainda funciona no verdadeiro sistema de Patrulhas? E mais:

 - Conselho de Patrulha – Reuniões programadas pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da reunião, onde se discutirá além de outros assuntos de interesse da patrulha, as sugestões de programas, visando à continuidade do adestramento progressivo, e sugerindo outras atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha. Muitas patrulhas bem formadas costumam fazer suas atividades ao ar livre sem a presença dos chefes. Sei que aonde vão sem supervisão da chefia o local deve oferece condições para isto e conhecido do chefe.

- Conselho de Monitores – Ideal para montar programas de reunião, com sugestões apresentadas pelas patrulhas. Um Conselho de Monitores não precisa da presença do Chefe afinal ele é informal, sem místicas, apenas uma reunião de amigos para colaborar com o Chefe. Tudo ali discutido vai passar pelo crivo da Corte de Honra. Ele pode ser feito na sede ou na casa de um dos monitores. Algumas tropas fazem mensalmente e outras de dois em dois meses. Os monitores podem convidar o Chefe ou assistentes quando acharem que precisam da opinião de alguém mais Velho. Sendo informal não ter poderes de decisão e ali são discutidos sugestões somente.

                      Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa escoteiro e talvez um dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela não cria, não cresce individualmente e muitos jovens se sentem alijados, motivo pela qual muitas vezes por não participarem preferem deixar o escotismo. Posso até dizer e a experiência tem demonstrado que as tropas que fazem seu próprio programa e em alguns casos atividades ao ar livre sem a supervisão direta dos chefes, mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros e isto diminui a evasão. Conheci Grupos Escoteiros que nunca dispensavam a colaboração dos monitores e dos próprios escoteiros.

O Sistema de Patrulhas e o método deixado por BP. Sabemos que o escotismo foi idealizado para os jovens. Os adultos são meros colaboradores e responsáveis pelo desenvolvimento da Tropa e de cada Escoteiro individualmente. Não cabem a eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Existem tropas que em muitos casos os monitores são partes importantes nos programas e em todas as atividades da tropa. Eles valorizam muito quando tem sua própria patrulha de monitores e acampam com seus chefes aprendendo e trocando ideias. Um bom Chefe lidera como irmão mais velho sua tropa e anda de mãos dadas com a Patrulha de Monitores. Acampamentos, atividades e passeios com os monitores e subs fazem do chefe um líder amigo cujos benefícios são facilmente reconhecidos com a permanência maior na Tropa dos escoteiros.


                  Sei de muitos chefes que procedem de outra forma. Não sou contra. Copiando Baden-Powell eu também acredito que o importante é o resultado. Se ele acontece nada deve ser alterado. A melhor maneira de analisar se tudo vai bem é ver se a evasão é pequena. Ela sim pode dar a visão exata do sucesso na Tropa escoteira. Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores, patrulheiros/patrulheiras motivados e com mais de um ano de atividade estão no caminho certo do sucesso. A melhor tropa é aquela que está sempre se motivando, procurando fazer o que gostam se sentindo parte do todo e dificilmente deixando as fileiras escoteiras.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pontualidade Escoteira. Pontualidade é um dever até dos reis.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Pontualidade Escoteira.
Pontualidade é um dever até dos reis.

                     Convidado participei de centenas de cerimônias Escoteiras em diversos níveis de liderança ou mesmo em Grupos Escoteiros. Muitos não respeitavam a pontualidade que eles mesmos impuseram para a abertura dos trabalhos. Como sou exigente teve casos que dei meia volta uma desculpa e fui embora. Afinal eu tinha mais o que fazer do que ficar esperando. Um dia um Diretor Técnico telefonou – Não me esperou? Não sabia que eu tinha de esperar por ele. Para mim pontualidade é a arte de não desperdiçar o meu tempo e o tempo alheio. Nós escoteiros devemos dar exemplos e ser os primeiros a chegar. Pontualidade não é adestramento, técnica, ou diversão. Faz parte sim da formação moral e ética escoteira. Acredito e repito que somos exemplos e ficar dando desculpas pelo atraso não é próprio de quem se orgulha em ser Chefe ou mesmo Escoteiro. Qual a explicação lógica para o atraso? O que dizer aos pais quando atrasamos tudo? O que ele vai pensar do escotismo? Que educação ele esperava para seus filhos? Que adianta falar em responsabilidade e respeito se desrespeitamos seus compromissos assumidos depois das reuniões? Se somos uma escola de cidadania somos responsáveis para dar o devido respeito à pontualidade.

               Sou da opinião que a falta de pontualidade é sempre um sinal de desrespeito pelo próximo e pela organização social a que pertencemos. A pontualidade está presente nas rotinas, nas tarefas que desempenhamos, nos desafios e nos objetivos que nos propormos realizar. De todos os recursos a que temos acesso, o tempo é um dos mais relevantes pela sua natureza volátil e, para muitos de nós, perdermos horas à espera de outros, significa desperdiçar um precioso bem. E claro ninguém gosta. Também é importante que devemos perceber e assumir que a forma como lidamos com o relógio, diz muito sobre a nossa formação educação e temperamento. Numa sociedade tão exigente e complexa como a nossa, é uma questão de procurarmos definir prioridades, sabendo de antemão que nunca iremos ter tempo para fazermos tudo o que precisamos ou gostaríamos de fazer. Ninguém gosta de ficar à espera. Se nos pusermos no lugar do outro poderemos ver e constatar que esta atitude não é um pormenor sem importância, mas constitui de fato uma falta de civismo e respeito.

                     Afinal se determinamos um horário para iniciar e terminar não seria falta de educação e respeito deixar de cumprir os horários programados? Se vamos acampar temos hora para dormir e acordar ou não? A hora da inspeção é quando a patrulha estiver pronta? Almoçar e jantar é em qualquer horário no campo? Se os pais trazem seus filhos e alguns vão buscar no término é correto atrasar? E se ele tinha outro compromisso? Se a bandeira é quinze minutos porque demora vinte ou mais? Se um jogo é de quinze minutos vamos jogar trinta? Para que programas com horários se eles não são respeitados? Se avisamos que vamos chegar do campo as tantas horas e o atraso for demais o que explicar? Desculpas? Ora qualquer programa de uma sessão escoteira responsável é dividida com seus assistentes. Eles serão os culpados pelo atraso e terão cancelado o que iriam fazer?

                         Note-se que temos uma reunião semanal. Quem determinou o horário foi o Conselho de Chefes ou a Diretoria. É compreensível um ou outro atraso, mas não frequente. Ninguem gosta de atrasos e se ensinamos isto ao jovem ele vai levar o aprendizado para a vida adulta. Amanhã quando tiver uma reunião na empresa, ou combinou um determinado encontro profissional e chega atrasado o que ele vai explicar? Sempre explicando? Sou testemunha da irresponsabilidade de muitas atividades nacionais, regionais ou distritais que marcam determinado horário e não cumprem. Se eles procedem assim o exemplo é nato. Chegamos a tal ponto, que até nos cursos escoteiros muitos se atrasam. Eu quando diretor de cursos não aceitava. Alunos atrasados eram bem recebidos com um Sempre Alerta e mandados de volta. Faça no mês que vem meu rapaz! Errado eu? Não é uma falta de respeito com quem chegou no horário e ainda tem de esperar a chegada dos que não respeitam o horário dos outros? Aprendi e posso estar errado que a pontualidade é sinal de responsabilidade. Precisamos mostrar que os outros podem contar conosco.

                    Tenho certeza que a maioria de vocês chegam no horário. Vá lá que uma vez ou outra um atraso qualquer possa acontecer. Mas se coloque no lugar dos pais quando esperam na sede a chegada de seus filhos de um acampamento de uma excursão, de um bivaque ou mesmo acantonamento. O pior é a saída para uma atividade. – Monitores e chefes pedindo para esperar, pois a maioria ainda não chegou. E os que chegaram no horário não merecem respeito? Conheci um executivo escoteiro profissional, que conseguiu ser recebido por um presidente de uma multinacional e cujo intuito era de conseguir meios e locais para alojar em sede própria um Grupo Escoteiro da comunidade. Ele se prontificou em receber e ouvir e até quem sabe ajudar. Infelizmente ouve um atraso de 30 minutos e a reunião foi cancelada. Que belo exemplo ele deu. Acredito que daí para frente aquele Presidente olharia com desconfiança para o Movimento Escoteiro.


                    Dar exemplos de políticos que nunca chegam no horário ou mesmo altos diretores de empresas não justifica. Temos que pensar que cada um é cada um. Ou você é responsável ou vai ficar sempre na sombra de alguém para explicar. Sei de muitos voluntários que desistiram do escotismo por falta de pontualidade nas atividades que estavam participando. Esperavam que o término seria no horário e assumiram compromissos que agora não podiam cumprir. De quem é responsabilidade? Falar com quem? Simplesmente sair e dizer que não pode ficar mais tempo com todos olhando a sua saída como se você fosse outro e não Escoteiro? Escoteiro é assim? Sei que muitos chefes são responsáveis. Dão e exigem exemplos e no Movimento Escoteiro temos que ser os primeiros a mostrar que podemos chegar no horário, cumprir horários e dizer que a pontualidade escoteira faz parte da educação que dá e recebe. Olhe se não vai chegar no horário ou vai cumprir a programação não me convide. Eu faço questão da pontualidade. E quer saber? - Detesto ficar esperando!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A sede própria. Sonho ou realidade?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
A sede própria.
Sonho ou realidade?

                                Existe um sonho de todo Chefe que participa ou organiza um Grupo Escoteiro em conseguir a sede própria. Isto é fato relevante, pois não podemos confiar em nossas autoridades que nos cedem locais de reunião. Toda vez que existe mudanças nos cargos nas organizações que colaboram conosco muitos Grupos Escoteiros vão para o olho da rua. Quantos de nós não fomos despejados? Quantos lutam para educar os filhos que não são seus em um pátio cedido, uma área gramada e quantos não guardam o material que conseguiram a duras penas em suas próprias casas? Sabemos que isto é um fato. Não se discute que a grande maioria tem sedes que não são próprias, mas que não podem confiar nos proprietários, diretores ou religiosos. Conheci grupos que passados mais de trinta anos estão firmes nas atividades Escoteiras e prestigiados. Mas este sol é para todos? Sabemos que não.

                              Existe sempre a vontade de possuir uma sede própria. Que seja um quartinho, uma saleta ou mesmo uma tapera qualquer que possa guardar o material. A luta não é fácil. Conseguir um terreno, construir, ver a construção pronta é um passo enorme para muitos que labutam nos Grupos Escoteiros. Quando o grande dia chega é uma alegria tremenda daqueles que lutaram para isto. Festas, foguetes e abraços fazem dos sonhos uma realidade atual. Sei que não é a sede própria que traz um melhor escotismo, sei também que não significa que com ela haverá entre todos uma melhor fraternidade e respeito. Quando todos estão imbuídos da verdadeira democracia tudo vai bem obrigado e infelizmente tem aqueles que após a sede própria passaram a se considerar donos e não mais voluntários para servir.

                              Um tete a tete sobre o tema um dia me chamou a atenção. A burocracia, as exigências legais no município no estado e na união. Fiquei pensando que fui de uma época que isto não existia. No grupo que nasci passamos por dois locais de sede. O primeiro a Igreja precisava construir sua nova paróquia, mas ela não nos deixou na mão. Em outra paróquia com um belo pátio recebemos duas salas. Parecia um palácio em comparação a anterior. Bem eu era menino e não me preocupava com isto. Nesta época ainda não existia o CGC, a obrigação legal dos estatutos e tantas outras que o modernismo de hoje nos obriga seguir a regra. Afinal se por uma infelicidade o Grupo se extinguir tudo vai pertencer a União dos Escoteiros do Brasil. Já não basta nosso trabalho na Tropa, nos acampamentos, nas atividades ao ar livre ainda temos que correr para manter o Grupo Escoteiro legalizado. Por curiosidade fui dar uma olhada nas regras no Google. Desisti. Não era minha praia.

                            Vez ou outra eu me pergunto se vale a pena termos um sistema formal de manter em uma só unidade todas as sessões Escoteiras. Todos dizem que ali somos uma grande família. Ela cresce, começa do lobo aos sete (que falta faz os castores não?) e termina aos vinte e três nos pioneiros. Uma família linda quando reunida. Mas que trabalho esta família dá. Pense nos programas diversos de cada sessão. Pense nas atividades no planejamento, no corre-corre em conseguir suprir as necessidades para manter cada patrulha, cada Tropa, cada matilha seja na sede ou no campo. Temos que ter uma estrutura enorme. Conheci grupos que por terem boas condições financeiras tinham funcionários para a burocracia e me pasmei com um que tinha um profissional Escoteiro responsável para conseguir os fundos necessários para a subsistência do Grupo Escoteiro.

                         Foi então que fiquei pensando se estamos certo em manter esta estrutura. Sei que em alguns países não é assim. Pelo menos nos Estados Unidos a Boy Scout desde os seus primórdios valorizou mais a sessão. Um voluntário quando quer organizar uma unidade ou é convidado, sempre consegue uma sala, um local para atuar. Nada de ter muitos de idades sucessivas aglutinados no mesmo núcleo. Nada de grandes obras para a sede escoteira. Hoje me disseram que os profissionais escoteiros dão suporte, mas isto não importa, seja por sessão seja por unidade de Grupo para mim seria a mesma coisa a existência dos profissionais. Claro que se existem um grande número de voluntários eles são como nós, com uma diferença tem enorme apoio da entidade máxima e profissionais para colaborar. Isto também tem um preço a pagar.

                        Ainda me pergunto como seriam em outros países, os ingleses como funcionam, os franceses, os italianos, os espanhóis e portugueses e tantos outros que tem bons contingentes escoteiros. Até mesmo nas Filipinas campeã de membros escoteiros no mundo. Sei que não é fácil a sede própria, sei que para a maioria é um sonho. Quando temos de fazer um proselitismo para tentar mostrar as vantagens do movimento Escoteiro somos nós mesmos que o fazemos. Sabemos que não teremos nenhum auxilio por parte dos nossos dirigentes. Sede própria? Um trabalhão enorme. Tente achar um local ou um terreno desocupado, tente ver um vereador para juntos pleitear, tente conseguir do prefeito um de acordo e sabemos que não conseguiremos nada facilmente. Não temos mesmo respaldo da sociedade como um todo para o escotismo. Afinal dizem que vendemos biscoitos, ajudamos a velhinha a atravessar a rua, e ainda tem aqueles a nos gozar nas esquinas gritando alto; Sempre Alerta!


                        Não acredito mesmo que a União dos Escoteiros do Brasil um dia iria fazer um convite a todos para discutirem este tema e o dissecarem em suas bases. Ela até hoje acredita que sabe o que precisamos. Ela é nosso papai, nossa mamãe que sabe que devemos ir à escola, que devemos estar em casa antes das dez e que diferente de muitas famílias nunca teremos a nossa mesada no fim do mês. Acostumamos a aceitar tudo e como ainda não vimos o que existe no outro lado da montanha, afirmamos que vivemos nos melhores dos mundos. Cada um aceita sua trilha que escolheu e nem procura saber se a outra era melhor que esta. É difícil arriscar e sair da comodidade cotidiana, Nos acostumamos com o mais ou menos da vida. Afinal quando entramos para o escotismo sempre foi assim, e como dizem muitos, estamos aqui pelas crianças. Mas não poderíamos tentar pelo menos melhorar a vida escoteira para elas? E meus parabéns aos poucos grupos que lutaram e conseguiram sua sede própria.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Estarei eu no caminho certo? E você?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Estarei eu no caminho certo? E você?

Quer saber? Não sei. Tem hora que sim e tem hora que não. Eu tive uma vida diferente e no escotismo me diverti e aprendi como muitos que hoje labutam pelo seu engrandecimento. Mas sempre fui um contestador. Sou um espiritualista convicto e nossa filosofia nos explica bem o “Livre Arbítrio”. Sei que traçamos uma meta todas as vezes que aqui viemos, mas para isto somos lembrados que podemos seguir o caminho que escolhermos diferente daquele que planejamos. Sempre amigos Escoteiros me perguntam se pessoas como eu que somos formadores de opiniões acreditamos que o que fazemos é para um crescimento e um reconhecimento do escotismo, e não uma forma de prejudicar o que alguns tão nobremente vêm fazendo. Bom questionamento. Se pensar que deverei dar o primeiro passo não devo pensar se eles também estão no caminho certo ou se estão prejudicando o crescimento e reconhecimento. Um bom evangelista não pode pensar assim.

Temos que primeiro pensar em nossas ações, os outros serão julgados pelo que fizeram e não por mim. Tenho que ser responsável pelos meus atos e responder quando chegar a hora. Uma busca na história do mundo nos mostra que nenhuma organização pode crescer isolada, sem aceitar aqueles que pensam diferente. A verdade da ação não está nos escritos e nem na palavra. Outro dia li o que Paulo Coelho escreveu sobre a verdade: - “Certos discípulos vivem me perguntando onde está a verdade”, disse Maal-El. “Então, certo dia, resolvi apontar para uma direção qualquer, tentando mostrar que o importante é percorrer um caminho, e não ficar pensando sobre ele”. “Ao invés de olhar para a direção que eu apontava, os discípulos começaram a examinar meu dedo, tentando descobrir onde a verdade estava escondida”.

 “Quando as pessoas procuram um mestre, deviam estar em busca de experiências que possam ajudá-las a evitar certos obstáculos. Mas, infelizmente, a realidade é outra: estão usando a lei do menor esforço, tentando encontrar respostas para tudo.” “Quem deseja beneficiar-se do esforço do mestre para poupar suas forças, nunca chegará a lugar nenhum, e acabará por decepcionar-se.”.

Eu acredito nas vantagens do Movimento Escoteiro. Talvez ele não me desse à fortuna, o sucesso empresarial que muitos tiveram, mas me deu a alegria de viver de ser feliz e poder participar de aventuras que em outro lugar nunca teria. No entanto me tornei um contestador. Sempre fui assim. Alguns dizem ou diziam que sou fato do contraditório, um rebatedor do jogo correto. Porque não me alinhar com a corrente que marcha pensando estar no caminho certo? Huxley disse que em tempos normais, nenhum individuo são pode concordar com a ideia de que os homens são iguais. O Código Samurai afirma que a perfeição é uma montanha impossível de escalar que deve ser escalada um pouco a cada dia. Nosso movimento tem escalado há tempos esta montanha. Demora demais para chegar ao topo. Acho que tenho o direito de pensar que existem outras trilhas e que nos levarão ao outro lado e a forma correta de se chegar mais rápido ao que pretendemos.

Eu gostaria de pensar que o outro lado do eu pensassem como Voltaire: - Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. As palavras do nosso Líder são claras quanto a isto. Ele defendeu a democracia até o fim. Não me podem tirar o direito de contestar e tentar mostrar onde estão os erros que eu por acaso acho que existem. Nosso movimento tem uma finalidade tão séria que não pode pensar que é de alguns poucos. Os milhares que dele participam deveriam ter uma forma de se sentir também proprietários com ações voz e voto. Eu luto de forma diferente. Às claras. Dentro das minhas possibilidades tento vender aos outros meu pensamento. Tão difícil esta venda. A uma proibição forte, uma lei que fizeram e que eu não fiz. Chamam-na de Disciplina e Lealdade. Por ela temos de aceitar as regras do jogo. Jogo que me foi imposto sem me dar o direito de contestar. Dizem que quem participa tema obrigação de obedecer. Eu não dei opiniões. Como Confúcio eu vou aos poucos batalhando. Ele dizia que se transportarmos um punhado de terra todos os dias, nós faremos uma montanha.

Porque estou dizendo tudo isto? Porque é necessário que eu faça uma reflexão dos meus atos. Afinal estão a dizer que sou um Formador de opiniões e tenho que tomar cuidado com minhas palavras. Pode ser, mas até hoje são poucos os amigos que acreditaram nas minhas palavras. Se como disse Cora Coralina eu fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores e ainda não vou ver se meu objetivo foi alcançado. De uma coisa tenho certeza, toda a oposição é válida. Dizem os críticos que Governo, oposição e democracia se houver unanimidade é burra! Se os nossos irmãos Escoteiros acreditam que a nossa associação é uma democracia, ela sem uma oposição competente e credível é uma fraca democracia. Frágil e doente. Sem ela os dirigentes podem fazer como acreditam. Dizem os poetas que sem oposição o governo tende a governar como quer, o padrão de competência será definido pelo próprio governo e não há memoria de nenhum governo se ter demitido por ter feito uma má avaliação de si próprio.

Finalmente tenho que acreditar que possa estar colaborando para o desenvolvimento do nosso movimento de outra forma. Não posso sair a campo para dizer a todos o melhor caminho. Não tenho mais condições de sair “a escoteira” por aí, não tenho mais condições. Afinal o melhor caminho não é o que aponto. O melhor caminho seria o que democraticamente a unanimidade dos associados iriam apontar. Engana-se quem acha que opositores são perigosos para a organização. Dizia Disraeli que nenhuma organização pode ser sólida por muito tempo se não tiver uma oposição temível. Confirmemos Heráclito que dizia – A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia. Fiquemos por aqui com algumas palavras do nosso fundador:

 Tem gente que é um gansinho daqueles quem vão atrás, nas pegadas do pai ganso vai seguindo o filho atrás.
"Não se contente com o que, mas consiga descobrir o porquê e como."
“O homem não é apenas um plano, é vida uma espécie de barco que todo mundo tem que levar a bom termo.”
"Nunca um homem que nunca cometeu erros fez nada."

O Cuco-humano é geralmente uma espécie de gente superior que, numa questão, só vê o lado que lhe interessa e o de mais ninguém. É um homem interessado em si próprio, que quer apenas impor a sua vontade ao mundo; aproveita-se do trabalho de gente mais humilde ou então afasta os outros que possam estar a caminho de conquistar as coisas que ele deseja.
Você vai encontrar o Cuco-humano sob várias formas: fanáticos, políticos demagógicos, pedantes intelectuais, esnobes sociais e outros extremistas e até no escotismo.
Quanto a estes Cucos a dois perigos:
- Um é que você pode ser iludido a seguir a sua liderança.

- O outro é que você pode se tornar num Cuco.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

OS 100 ANOS DE LOBISMO está chegando! E o que irá fazer para comemorar?


OS 100 ANOS DE LOBISMO está chegando!
E o que irá fazer para comemorar?
(Por Marcos Clayton Pessoa).

Quando Baden-Powell escreveu o livro "Escotismo para rapazes" ele não fixou um limite mínimo, nem máximo para o ingresso do menino no Movimento Escoteiro. Entretanto pensava ele em meninos acima de 12 anos, mas percebeu logo o erro, pois os menores também queriam ser escoteiros. Tomar providências foi uma tarefa árdua para B-P, pois embora estivesse receptivo a idéia, teve que tomar precaução para que não se criasse um jardim de infância para escoteiros. Idealizou-o de início atividades que nada mais eram que noções rudimentares que os escoteiros faziam. O grande pioneiro do Lobismo foi o reverendo A.R.Brow de Niddlessex-UK, que já em 1910 tinha a preocupação do que fazer com os meninos abaixo de 12 anos.

B-P tinha a preocupação de não criar atividades que fossem demais para eles e também de não diminuir as atividades dos mais velhos. Outra preocupação em artigo de 1913 era como iriam se chamar - Juniors Scouts, Beavers (Castores), Wolf Scouts (lobinho), Cubs (filhote), Colts (potro) ou Trappers (aprendiz de caçador). Em suma B-P preocupa-se que este novo ramo tivesse a sua própria identidade. A pedido de B-P em 1913 o Sr. Percy W. Everett escreveu o artigo: "Regras para escoteiros menores". Onde B-P somente pediu para se ater mais ao nome do ramo e ao uniforme. Após várias mudanças foi publicado em 1914 o esquema oficial para "lobinho", que não era nada mais que uma forma modificada do adestramento escoteiro.

Com a I Guerra Mundial, o Movimento recebe a ajuda das mulheres e dentre elas a Sra. Vera Barclay, aficionada pelo ramo escoteiro. Somente por causa de um machucado no joelho que a afastou de seu trabalho no Hospital aceitou o convite de B-P para reformular o Lobismo, apaixonando-se então por esse ramo. Entretanto o que mudou radicalmente o Lobismo foi o aparecimento do livro da Jângal de Rudyard Kipling. B-P escreveu para Kipling pedindo autorização para usar o livro e este pai de escoteiro John consentiu na hora.

Somente assim em 1916 começa a sair em pequenos "bocados" o Manual do Lobinho repleto de formas práticas da imagem poética de Kipling e das idéias de Vera Barclay. 12 de Dezembro de 1916 a data da publicação do Manual é a data considerada oficial para a fundação do Lobismo, entretanto somente em 1923 que as regras completas do Lobismo foram reconhecidas. As etapas foram divididas em Pata-Tenra, 1ª Estrela e 2ª Estrela. A promessa foi simplificada, retirando-se o sentimento de honra e a lei só possuía dois artigos.

Em 1920 foi realizado o primeiro curso da IM em Gilwell parque para lobinhos e em 1949 o centésimo.  No início os chefes que conquistavam a IM usavam um dente de lobo no lugar das tradicionais contas. Em todas as aparições dos escoteiros, como nos Jamboree, apresentações para a família real, sempre se viam os agrupamentos de lobinhos e Kipling sempre participava e ficava entusiasmado. Nos anos trinta foram introduzidas as idéias da trilha escoteira com o nome de "Lobinho Saltador".

A partir de 1966 a maioria dos países alterou o nome de "Wolf Scouts" (lobinhos) para "Cubs Scouts" (pequenos escoteiros), alterando também o sistema de estrelas para o sistema de flechas (trabalha mais com objetivos por faixa etária). Alguns países, entretanto sempre tiveram programas diferentes para os meninos desta idade. Nas filipinas são os GAMOS no Japão são os filhotes de urso. Nos E.U.A os meninos até 11 anos passam por cinco ramos: Tigre, Lobos, Ursos, Webelos 1 e 2 e teve de 2014 a 2015 todo o seu programa renovado.


O Lobismo hoje está chegando aos 100 anos de fundação, está cada vez mais vivo no coração de todos.